domingo, 16 de março de 2008

Prof. Fred Halliday invoca Vinicius de Moraes

Um dos mais prestigiados acadêmicos e uma das mentes mais brilhantes que conheci, o professor Fred Halliday, encerrou sua carreira como professor da London School of Economics em 30 de janeiro falando sobre As Relações Internacionais na Era Pós-Hegemômica.

Foi uma palestra cheia de referências históricas e teóricas, como Fred costumava fazer, com requintes de teatralidade e do humor desse irlandês nascido a poucos quilômetros ao sul da turbulenta fronteira com a Irlanda do Norte, em Dandalk, uma área de intensa atividade do Exército Republicano Irlandês (IRA).

Filho daquele ambiente revolucionário, criado com a ajuda de uma babá ideologicamente orientada pelo IRA, desde cedo Fred aprendeu a desconfiar de impérios, nacionalismos e religiões, de dogmas, de certezas e de idéias pré-concebidas.

Sem analisar o conjunto da palestra, o que me obrigaria a ouvi-la mais de uma vez atentamente, fiquei particularmente comovido ao ouvir meu orientador dizer que, se tivesse de começar de novo, usaria mais filmes e músicas em suas aulas, ilustrando-a com uma música brasileira.

Para se despedir, em sua mensagem final, invocou o poeta e diplomata Vinicius de Moraes, citando-a como exemplo de como reinterpretar temas clássicos - a música original é do compositor barroco Tomaso Albinoni - à luz de modernidade com fidelidade ao original. E concluiu com os versos do poetinha: "Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não".

Obrigado, Vinicius! Obrigado, Fred Halliday!

Ouça a íntegra da última aula do professor Halliday no site da LSE , onde também está o texto completo.

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