quarta-feira, 26 de março de 2008

China já prendeu 660 tibetanos

A China anunciou hoje que 660 pessoas foram presas nas últimas duas semanas por causa dos violentos protestos do movimento pela liberdade do Tibete.

O governo tibetano no exílio denuncia pelo menos 140 mortes. Na contagem do governo chinês, só morreram 22 "civis inocentes", o que significa chineses da etnia hã, dominante no país, que foram alvo da violência no Tibete.

Para alegar que não há censura, a China organizou uma visita guiada de 26 jornalistas estrangeiros que só podiam filmar, fotografar e falar com pessoas escolhidas pelos chineses. A rede de televisão pública britânica BBC e o jornal americano The New York Times não foram convidados

Mesmo assim, os correspondentes do Financial Times e do Wall St. Journal constataram um clima de enorme tensão entre tibetanos e chineses étnicos, uma desconfiança mútua entre as comunidades. Elas convivem por força de uma política de migrações forçadas do regime comunista chinês para assimilar o Tibete. É o que o Dalai Lama chama de "genocídio cultural".

Por mais que o governo chinês se esforce para indicar o contrário, o clima é de guerra em Lhassa, a capital tibetana. Há um profundo mal-estar entre as comunidades que vai durar muito tempo.

Lhassa é uma cidade parcialmente devastada e tomada por tropas e tanques.

Quando os jornalistas convidados pelo regime comunista chinês falavam com monges num mosteiro, um deles furou o bloqueio da censura e lamentou chorando, dizendo que nem os monges nem o Dalai Lama são responsáveis pela violência no Tibete. Logo, foi afastado pelos guias chineses. O mosteiro foi imediatamente cercado pela polícia.

Em Nova Déli, a capital da Índia, o Dalai Lama elogiou a visita dos jornalistas mas pediu "total liberdade" para que eles possam dizer o que realmente pensam sobre o Tibete.

O presidente do Parlamento do Tibete no exílio, Karma Chophel, falou no Parlamento Europeu. Ele declarou-se a favor da realização da Olimpíada na China, mas exigiu respeito ao direito e às leis internacionais. Quanto a um possível boicote, observou que deve ser uma decisão baseada na consciência de cada pessoa e cada país.

No plenário, os eurodeputados usaram camisetes com os anéis olímpicos substituídos por algemas. O presidente do Parlamento Europeu aconselhou os chefes de Estado e de governo a boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos de Beijim, em 8 de agosto, se a China não dialogar com o Dalai Lama.

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