A China anunciou hoje que 660 pessoas foram presas nas últimas duas semanas por causa dos violentos protestos do movimento pela liberdade do Tibete.
O governo tibetano no exílio denuncia pelo menos 140 mortes. Na contagem do governo chinês, só morreram 22 "civis inocentes", o que significa chineses da etnia hã, dominante no país, que foram alvo da violência no Tibete.
Para alegar que não há censura, a China organizou uma visita guiada de 26 jornalistas estrangeiros que só podiam filmar, fotografar e falar com pessoas escolhidas pelos chineses. A rede de televisão pública britânica BBC e o jornal americano The New York Times não foram convidados
Mesmo assim, os correspondentes do Financial Times e do Wall St. Journal constataram um clima de enorme tensão entre tibetanos e chineses étnicos, uma desconfiança mútua entre as comunidades. Elas convivem por força de uma política de migrações forçadas do regime comunista chinês para assimilar o Tibete. É o que o Dalai Lama chama de "genocídio cultural".
Por mais que o governo chinês se esforce para indicar o contrário, o clima é de guerra em Lhassa, a capital tibetana. Há um profundo mal-estar entre as comunidades que vai durar muito tempo.
Lhassa é uma cidade parcialmente devastada e tomada por tropas e tanques.
Quando os jornalistas convidados pelo regime comunista chinês falavam com monges num mosteiro, um deles furou o bloqueio da censura e lamentou chorando, dizendo que nem os monges nem o Dalai Lama são responsáveis pela violência no Tibete. Logo, foi afastado pelos guias chineses. O mosteiro foi imediatamente cercado pela polícia.
Em Nova Déli, a capital da Índia, o Dalai Lama elogiou a visita dos jornalistas mas pediu "total liberdade" para que eles possam dizer o que realmente pensam sobre o Tibete.
O presidente do Parlamento do Tibete no exílio, Karma Chophel, falou no Parlamento Europeu. Ele declarou-se a favor da realização da Olimpíada na China, mas exigiu respeito ao direito e às leis internacionais. Quanto a um possível boicote, observou que deve ser uma decisão baseada na consciência de cada pessoa e cada país.
No plenário, os eurodeputados usaram camisetes com os anéis olímpicos substituídos por algemas. O presidente do Parlamento Europeu aconselhou os chefes de Estado e de governo a boicotar a cerimônia de abertura dos Jogos de Beijim, em 8 de agosto, se a China não dialogar com o Dalai Lama.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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