sexta-feira, 14 de março de 2008

China ataca e mata manifestantes no Tibete


No quinto dia de protestos para lembrar a revolta tibetana de 1959, a ditadura militar da China enviou o Exército Popular de Libertação e a polícia de choque para acabar com as maiores manifestações dos últimos vinte anos no Tibete.

Centenas de tibetanos ocuparam hoje o centro da capital, Lhassa. Em pouco tempo, a polícia cercou a área e os mosteiros budistas. Os manifestantes apedrejaram os ônibus do Exército Popular de Libertação e a tropa de choque, atacaram lojas de chineses, queimaram carros e bandeiras da China.

As forças de segurança atiraram contra a multidão. Pelo menos 10 pessoas morreram, admite a agência de notícias oficial Nova China. Grupos de defesa dos direitos humanos denunciam cerca de 100 mortes.

Eram 10h30, hora local, quando os tibetanos atacaram com pedras um caminhão militar chinês na Rua Ramoche, no centro da capital, onde há lojas e albergues para turistas, obrigando-o a recuar com o pára-brisa quebrado.

Às 12h30, outro caminhão também teve o vidro dianteiro apedrejado, desta vez na Rua Beijim Leste, a principal da cidade, depois de deixar dezenas de soldados. Mais caminhões trouxeram um total de 150 soldados para enfrentar cerca de mil manifestantes tibetanos concentrados naquela área.

No início da tarde, os tibetanos atacaram, na Praça Barcor, as lojas de chineses do grupo étnico hã, que são mais de 90% da população da China, de 1,3 bilhão. Diversos carros foram incendiados.

Todas as lojas do Distrito Tibetano, o centro histórico de Lhaça, foram depredadas e saqueadas, enquanto os turistas procuravam lugares seguros para fugir da batalha nas ruas da capital. Testemunhas contam ter ouvido diversas explosões, provavelmente de instalações de gás nas lojas destruídas.

A tropa de choque chinesa marchou então rumo ao Templo Jocã, o mais importante do lamaísmo, o budismo tibetano. Lá, os policiais e soldados atiraram nos manifestantes

O governo comunista de Beijim culpou Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, acusando-o de orquestrar as manifestações.

Na Índia, onde vive a maioria dos exilados tibetanos, a polícia reprimiu um protesto na capital, Nova Déli. Enquanto eram arrastados pela política, os manifestantes gritavam: "Tibete livre!"

Houve protestos por todo o mundo. Em Londres, a polícia apenas observou. Diante da Embaixada da China no Reino Unido, os manifestantes gritavam: "Tibete livre! Fora, China!"

Em Washington, o governo americano pediu ao governo chinês que evite usar a violência. Insistiu na abertura de um diálogo entre a China e o Dalai Lama.

O Tibete era uma província do Império Chinês. Quando a República da China foi criada por Sun Yat Sen, em 1912, o Tibete se tornou independente.

A China vivia um período de caos, dominada por senhores da guerra. Vieram a guerra civil e a ocupação japonesa, durante a Segunda Guerra Mundial.

Com a vitória da revolução comunista liderada por Mao Tsé Tung, em 1º de outubro de 1949, o novo regime tratou de reconstruir o que considerava o território histórico da China. Em 1950, os comunistas chineses ocuparam o Tibete.

Uma grande revolta, em 1959, foi massacrada pela República Popular da China. O Dalai Lama fugiu para Daramsalá, no Norte da Índia, de onde lidera um governo no exílio.

Os protestos tendem a se intensificar até a Olimpíada de Beijim, especialmente diante da truculência do regime comunista chinês, que censurou as reportagens das televisões internacionais sobre a batalha campal de hoje em Lhassa.

Um comentário:

Pedro Galuchi disse...

Excelente materia...