Ao defender a retirada das tropas americanas do Iraque nesta segunda-feira, a senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton declarou que é uma guerra que os Estados Unidos "não podem ganhar".
Hillary se apresenta como a única candidata à Casa Branca capaz de acabar com a guerra. Ela acusa seu rival na disputa pela candidatura do Partido Democrata, senador Barack Obama, de só se preocupar com o assunto depois de começar sua campanha.
Obama critica o voto de Hillary no Senado autorizando o presidente George Walker Bush a usar a força para derrubar o então ditador iraquiano Saddam Hussein.
Os ataques de Hillary coincidem com visitas a Bagdá do candidato republicano à Presidência, senador John McCain, defensor da guerra desde seu início, e do vice-presidente Dick Cheney, o verdadeiro poder por detrás do trono, um dos dos grandes responsáveis pela invasão do Iraque.
Ambos defenderam o atual progresso, ou melhor, queda no número de mortos, atribuindo-o à estratégia do presidente Bush de enviar mais 30 mil soldados para a capital iraquiana a partir de fevereiro do ano passado. Mas, na cidade sagrada xiita de Carbalá, uma mulher-bomba matou pelo menos 37 pessoas nesta segunda-feira.
Essa redução da violência se deve muito mais à trégua firmada com o aiatolá xiita rebelde Muktada al-Sader e seu Exército Mehdi, a maior milícia em atuação no Iraque, e aos acordos entre os EUA e milícias xiitas que deixaram a insurgência para enfrentar a rede terrorista Al Caeda, que passaram a ver como um mal maior do que a ocupação americana. Há uma política de segregação que separa árabes sunitas de árabes xiitas e o fortalecimento de milícias que garantem a segurança dessas comunidades.
O novo Exército e a nova polícia do Iraque, sem os quais os americanos não podem se retirar sem jogar o país num caos e anarquia ainda maiores, estão totalmente infiltrados por essas milícias.
A guerra do Iraque completa cinco anos em 20 de março. Em 1º de maio de 2003, Bush anunciou o fim das grandes operações declarando "missão cumprida".
Até hoje, a infra-estrutura não foi reconstruída nem a produção de petróleo, que poderia financiar a recuperação do país, retomada ao nível esperado do país com a segunda maior reserva mundial comprovada do produto.
Cerca de 4 mil militares americanos e centenas de milhares de civis iraquianos foram mortos. Outros 4 milhões, 14% da população total, viraram refugiados internos ou externos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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