A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, criticou ontem a decisão da Ópera Alemã de Berlim de suspender a apresentação de Idomeneo, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, um dos maiores músicos de todos os tempos. Uma cena da montagem mostrava a cabeça decapitada do profeta Maomé, fundador do islamismo. A decisão foi tomada sob a pressão de ameaças anônimas e o medo de represálias.
"Pensem nas conseqüências", protestou o diretor Hans Neuenfels. Numa cena final da peça, ele colocava as cabeças decepadas de Buda, Jesus Cristo, Maomé e Netuno sobre cadeira.
O jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung viu um "sufocamento da coragem cívica" e convidou todos os teatros alemães a aproveitarem a oportunidade.
Num contraste de opiniões, enquanto o jornal Neues Deutschland denuncia a "islamofobia" ululante, o Tagespiegel, de Berlim, fez uma observação sobre o conflito: "O combate de culturas que vivemos é singular: é a luta de nossa cultura liberal com ela mesma". E concluiu: "Em outros lugares do mundo, as pessoas são decapitadas. Na ópera, só se decapitam bonecos. Isto é civilização".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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