Diante de 800 mil pessoas, durante uma grande manifestação de massa em Beirute, num desafio às potências ocidentais, o líder da milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus), xeque Hassan Nasrallah, rejeitou qualquer possibilidade de desarmar o grupo: "Nenhum exército do mundo será capaz de desmantelar nossa resistência. Nenhum exército do mundo será capaz de tirar as armas de nossas mãos."
Quando a Síria retirou suas forças do Líbano, no ano passado, depois de ocupar parcialmente o país vizinho durante 29 anos, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução exigindo o desarmamento de todas as milícias. Agora que a força de paz da ONU no Líbano foi reforçada, depois de 34 dias de guerra entre Israel e o Hesbolá, para que o Exército do Líbano assuma o controle sobre o Sul do país, seria natural que tentasse cumprir a decisão de desarmar a milícia xiita.
Este é o grande problema. O Hesbolá nasceu como reação à invasão israelense ao Líbano em 1982. Seus atentados suicidas mataram 241 fuzileiros navais americanos e 58 soldados franceses, em 1983. Outras ações levaram Israel a sair do Líbano em 1985, menos de uma zona de segurança no Sul do país.
Em 2000, o então primeiro-ministro Ehud Barak decidiu realizar uma retirada unilateral do Sul do Líbano. Como o Exército libanês não estendeu sua autoridade até a região, o Hesbolá se tornou a força dominante e usou a área como base para atacar Israel.
Por outro lado, o primeiro-ministro palestino Ismail Haniyeh negou que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) vá reconhecer Israel. Haniyeh negociou com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, a formação de um governo de união nacional e quer retomar as negociações com Israel. Mas o Estado judaico exige o reconhecimento como precondição para negociar com o Hamas.
O impasse continua. Isto não impede que Abbas mantenha contatos com Israel. Mas enfraquece sua posição negociadora.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário