A Milícia dos Estudantes (Talebã), que governou o Afeganistão de 1996 a 2001, assumiu a responsabilidade por um ataque com carro-bomba que matou 18 pessoas hoje, inclusive dois soldados americanos, perto da Embaixada dos Estados Unidos em Cabul. O atentado ocorreu em meio a uma ofensiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, contra redutos dos talebã no Sul do Afeganistão.
O alvo era um comboio de três blindados americanos Humvee. Com a explosão, o Humvee que sofreu o maior impacto foi jogado a 30 metros de distância. Corpos e destroços se espalhavam pela cena.
É um sinal de que a aliança Al Caeda-Talebã está viva no Afeganistão.
Mais impressionante, cinco anos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, é que o planejamento e o treinamento foram feitos no Afeganistão. Os EUA invadiram o país, com o apoio da OTAN, e instalaram o governo do presidente Hamid Karzai mas sua autoridade nunca se estendeu a todo o país. Diversas regiões são dominadas por senhores da guerra que fazem do tráfico de opiáceos sua principal fonte de renda.
No Sul, na província de Kandahar, os talebã se reagruparam. Primeiro lançavam ataques rápidos com pequenos grupos, fugindo em seguida. Agora, tentam sustentar posições com centenas de homens.
A OTAN tem hoje 19 mil soldados no Afeganistão; 6 mil estão no Sul do país. Em comparação, só os EUA têm mais de 130 mil soldados no Iraque.
Ao abrir uma segunda frente na sua guerra contra o terrorismo, o presidente George Walker Bush abandonou o país realmente responsável pelos atentados e criou outra terra sem lei no Iraque, sem querer defender a ditadura de Saddam Hussein.
Nos últimos cinco anos, os EUA conseguiram vitórias táticas importantes contra o terrorismo, desarticulando células e prendendo líderes importantes. Mas estrategicamente a situação é problemática. O antiamericanismo aumentou muito no mundo muçulmano, encorajando voluntários para o martírio do terrorismo suicida.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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