Sob intensa pressão para renunciar à liderança do partido e do governo do Reino Unido, o primeiro-ministro Tony Blair anunciou hoje que sairá dentro de um ano mas numa data a ser escolhida por ele. O último e decisivo sinal de insatisfação foi a renúncia ontem de oito ministros de segundo escalão do governo.
Durante visita a uma escola no Norte de Londres, Blair pediu desculpas pela discussão pública da sucessão no partido e disse que não vai marcar uma data precisa agora. Ele declarou que "o Partido Trabalhista precisa ententer que o povo vem em primeiro lugar e não pode ser tratado como um espectador numa questão importante como quem será o primeiro-ministro".
Seu provável sucessor nos dois cargos, o ministro das Finanças, Gordon Brown, apoiou a decisão. Tudo o que os trabalhistas querem é uma transição controlada. Uma guerra entre os pesos-pesados do partido seria extremamente danosa no momento em que a oposição conservadora assume a liderança nas pesquisas de opinião.
Desde que anunciou no ano passado, depois de sua terceira vitória eleitoral consecutiva, que não concorreria a um quarto mandato como primeiro-ministro, Blair está sob pressão marcar a data. O simples anúncio enfraqueceu a liderança de Blair, abalada pela perda de quase cem cadeiras na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, atribuída a seu apoio condicional às guerras do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na sua luta contra o terrorismo.
No recente conflito entre Israel e a milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus), no Líbano, mais uma vez Blair aliou-se totalmente aos EUA e a Israel, negando-se a exigir um cessar-fogo imediato para que Israel tivesse mais tempo para provocar danos ao Hesbolá. Isto e mais o elevado risco de novos ataques terroristas, como a ameaça de explosão de aviões de passageiros no ar em rotas para os EUA, atribuído em parte à política externa pró-Bush, aumentaram a pressão para que o primeiro-ministro defina seu futuro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário