A produção de ópio aumentou 60% este ano no Afeganistão, atingindo um nível recorde, denuncia o programa antidrogas das Nações Unidas, que fez um apelo urgente ao governo para que combata a corrupção policial. A colheita de papoula foi suficiente para produzir 6,1 mil toneladas de ópio, o suficiente para fazer 610 toneladas de heroína.
"Nossos esforços para combater as drogas mostraram-se inadequados", admitiu o presidente Hamid Karzai, que chegou ao poder depois da invasão americana de 2001 para vingar os atentados de 11 de setembro e derrubar o regime dos Talebã, que abrigava a rede terrorista Al Caeda.
Com a guerra e a crise econômica, muitas famílias apelam para o cultivo de papoula como única forma de se sustentar. O tráfico de drogas representa hoje 35% da economia afegã, sustentando senhores da guerra e rebeldes.
"Em algumas províncias do Afeganistão, a situação é de emergência", declarou Antonio Maria Costa, chefe do Escritório da ONU para Criminalidade e Drogas.
Para altos funcionários americanos, o tráfico já ameaça a frágil democracia afegã. A milícia dos Talebã (estudantes), que praticamente erradicou o cultivo em 2001, quando governava o Afeganistão, agora se beneficia do tráfico.
Na verdade, os Talebã tentaram barganhar o combate ao tráfico em troca do reconhecimento internacional do regime que instalaram em Cabul em 1996. Não conseguiram mas chegaram a receber dezenas de milhões de dólares dos Estados Unidos, em 2001, meses antes dos atentados de 11 de setembro.
O problema é que os EUA, não querendo colocar seus soldados em situações de alto risco num país traiçoeiro como o Afeganistão, onde a União Soviética encontrara o seu Vietnã, fez aliança com senhores da guerra. Apesar da presença de tropas estrangeiras no país, o governo Karzai mal controla a capital e seus arredores.
Com o fim do regime fundamentalista dos Talebã, os senhores da guerra e os próprios talebã voltaram ao lucrativo negócio dos opiáceos.
A ONU calcula que 450 toneladas de heroína foram consumidas no mundo no ano passado; 90% foram produzidos no Afeganistão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
Análise prazeroza neste blogue, visões deste modo destacam a quem quer que reflectir neste blogue .....
Dá muito mais de este blog, a todos os teus utilizadores.
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