domingo, 18 de maio de 2014

Suíços rejeitam supersalário mínimo de US$ 25/hora

Com 76,3% votos contra, a Suíça rejeitou hoje em referendo uma proposta para elevar o piso salarial para 22 francos suíços, cerca de US$ 25, por hora. Seria o maior salário mínimo do mundo.

A derrota reflete a preferência do eleitorado suíço por políticas econômicas liberais e a rejeição do intervencionismo estatal. Havia o temor de que um salário mínimo muito alto acabasse gerando mais desemprego.

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama propôs um mínimo de US$ 10,10 para funcionários públicos federais.

A Alemanha vai introduzir um salário mínimo nacional de 8,50 euros (US$ 11,64) por hora a partir de 1º de janeiro de 2015, menor do que o da França (9,54 euros = US$ 13,07), mas superior ao do Reino Unido (6,31 libras = US$ 10,616). No Brasil, a hora trabalhada está em pelo menos R$ 3,29 (US$ 1,49).

Um dos países mais ricos do mundo pelo critério de renda média por habitante, graças a seu sistema financeiro protegido pelo sigilo bancário, e grandes indústrias química, farmacêutica, mecânica e de instrumentos de precisão, a Suíça não tem grandes disparidades salariais.

Os sindicatos alegaram que os trabalhadores não qualificados da agricultura e do setor de serviços não ganham o suficiente para enfrentar o custo de vida mais alto do mundo. O empresariado acenou com os fantasmas do desemprego e da perda de competitividade.

"Um salário fixo nunca foi uma boa maneira de resolver o problema", declarou o ministro da Economia, Johann Schneider-Ammann. "Se a proposta tivesse sido aceita, teria levado a perdas no mercado de trabalho, especialmente nas zonas rurais, onde pessoas sem qualificação têm mais dificuldade de encontrar emprego. O melhor remédio contra a pobreza é o trabalho."

Ao reconhecer a derrota, o presidente do sindicato dos trabalhadores no setor de transportes, Giorgio Tuti, disse que pelo menos tinha conseguido colocar em discussão a desigualdade de renda e dos baixos salários no país.

"A Suíça, especialmente em consultas populares, não tem a tradição de aprovar a intervenção estatal no mercado de trabalho", observou Daniel Kübler, professor de ciência política da Universidade de Zurique. "A maioria dos suíços acredita que os princípios econômicos liberais são a base de seu sucesso."

Em outro referendo realizado hoje, os suíços rejeitaram a compra de aviões de caça Gripen, da Suécia, o mesmo modelo encomendado pelo Brasil. A empresa depende assim do negócio com o Brasil para sobreviver.

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