terça-feira, 20 de maio de 2008

Violência mata 24 imigrantes na África do Sul

Pelo menos 24 imigrantes foram mortos nos últimos dias nas favelas da perferia de Joanesburgo, a maior cidade da África do Sul, na pior onda de violência étnica no país desde o fim do regime segregacionista do apartheid, em 1994. A maioria dos mortos é do Zimbábue e de Moçambique, países vizinhos muito mais pobres.

Com a inflação de alimentos e o alto nível de desemprego na África do Sul, de cerca de 30% da população em idade de trabalhar, os estrangeiros são acusados de crimes e de tirar os empregos dos sul-africanos. É mais uma guerra de miseráveis, os sul-africanos pobres contra exilados do Zimbábue. Uma tragédia atrás da outra.

O problema da África do Sul é que não houve um programa de políticas sociais para compensar a maioria negra pela condição de inferioridade imposta pelo apartheid.

A situação na periferia do centro econômico do país é quase tão ruim quanto sob a dominação branca. Mas há uma diferença fundamental: a polícia usou balas de borracha para conter uma turba de 700 agressores que marchavam com machados, lanças e facas, paus e porretes, em busca da redenção pelo sangue.

Um stalinista convertido à economia de mercado, o presidente Thabo Mbeki, sucessor de Nelson Mandela e ex-ministro das Finanças, concentrou-se no equilíbrio macroeconômico e no crescimento da África do Sul, que se beneficiou com o aumento nos preços dos produtos primários. Faltou uma política social efetiva para superar as desigualdades criadas pelo regime segragionista.

Mbeki já pagou pessoalmente por isso. Foi derrotado pelo ex-vice-presidente Jacob Zuma, que havia sido afastado por corrupção, na disputa pela liderança do Congresso Nacional Africano (CNA), em 18 de dezembro de 2007. Isso significa que Zuma será o candidato à Presidência em 2009, se a Justiça não o condenar no processo sobre corrupção.

Jovem comunista da elite negra sul-africana, Mbeki fugiu para o exterior quando Nelson Mandela, Walter Sisulu e seu pai, Govan Mbeki, foram presos. Thabo Mbeki passou 28 anos no exílio. Fez Mestrado em Economia na Universidade de Sussex, na Inglaterra, e trabalhou no escritório do CNA em Londres, onde havia um protesto permanente diante da Embaixada da África do Sul, na praça Trafalgar.

É um líder distante, fechado sobre si mesmo. Perdeu o contato com a realidade mais dura do sul-africano preto e pobre, que não vê sua vida melhorar o suficiente 14 anos depois das eleições que transferiram o poder à maioria negra.

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