Os Estados Unidos ameaçaram hoje impor novas sanções à Rússia em represália ao apoio ao uso de armas químicas pela ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria. O regime retomou os ataques depois do bombardeio dos EUA e aliados.
"As sanções à Rússia vão chegar", afirmou a embaixadora linha-dura dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley. "O secretário [do Tesouro] Mnuchin vai anunciar na segunda-feira e serão dirigidas contra quaisquer empresas que negociem equipamentos relacionados ao uso de armas químicas por Assad."
Neste domingo, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse ter persuadido o presidente Donald Trump a não retirar as tropas americanas da Síria: "Convencemos que é importante ficar num prazo mais longo."
Macron defendeu o ataque como "um ato legítimo de represália" que foi "completado perfeitamente" e acusou a Rússia de "incapacitar" a ONU durante os sete anos de guerra civil na Síria ao vetar sistematicamente todas as resoluções condenando a ditadura de Assad.
O presidente francês declarou ter feito a crítica diretamente ao ditador russo, Vladimir Putin, e considerou importante o bombardeio para deixar claro à Rússia que as linhas vermelhas são para valer.
Tanto a Rússia quanto a Síria negam que o regime de Assad tenha usado armas químicas contra os rebeldes em Duma, a maior cidade da região de Guta Oriental, a única da região da Grande Damasco onde ainda havia rebeldes.
Na semana anterior, os EUA impuseram sanções a vários empresários e oligarcas ligados ao Kremlin e ao banco RFC, ligado a uma empresa de venda de armas que o governo americano acusa de ser responsável pelas transações com a Síria.
Outra grande discussão é sobre a eficiência do bombardeio aliado. Como não há informações sobre feridos nem sobre o vazamento dos gases tóxicos usados nas armas químicas, alguns especialistas questionam se foram atingidos alvos importantes, capazes de reduzir a capacidade militar do regime.
Em telefonema ao presidente do Irã, Hassan Rouhani, principal aliado no apoio a Assad, advertiu que, "se tais ações, realizadas em violação da Carta da ONU, vão inevitavelmente levar ao caos nas relações internacionais."
Vindo de quem anexou ilegalmente a Crimeia, fomentou uma guerra civil no Leste da Síria e interfere regularmente nas eleições de outros países, como a de Trump em 2016, é muito cinismo. Mas, em retaliação ao bombardeio das potências ocidentais, a Rússia, uma grande potência militar, examina a possibilidade de impor sanções à indústria aeronáutica dos EUA, noticiou o jornal inglês Financial Times.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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