Pelo menos 57 pessoas que faziam fila para se alistar como eleitores foram mortas hoje por um homem-bomba em Cabul, a capital do Afeganistão. Outras 119 saíram feridas, informou o Ministério da Saúde Pública. A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado.
O ataque aconteceu no fim da manhã no bairro de Dasht-i-Barchi, onde a maioria da população pertence à minoria xiita hazara. O Estado Islâmico é uma milícia extremista sunita. Já atingiu mesquitas, santuários, escolas e outros alvos xiitas. Na Internet, declarou ter atacado "apóstatas", como se refere aos xiitas.
Foi o pior ataque desde uma onda de atentado em janeiro, quando uma ambulância-bomba matou mais de 100 pessoas e feriu outras 235.
Cerca de 14 milhões de afegãos podem se registrar para votar nas eleições parlamentares e municipais de 20 de outubro. A inscrição pode ser feita em uma das 7,3 mil zonas e seções eleitorais, das quais 948 estão situadas em locais fora do controle governamental.
A inscrição eleitoral começou em 14 de abril. Até agora, o ritmo de alistamento é lento, talvez por causa da desesperança do eleitor diante da corrupção generalizada e do não cumprimento de promessas de melhoria das condições de segurança e nos serviços públicos.
Os salafistas, que pregam o retorno à "pureza" do Islã do tempo do profeta Maomé (571-632), dos Talebã ao Estado Islâmico, repudiam eleições democráticas. Só aceitam a "lei de Deus", sua interpretação do livro sagrado dos muçulmanos, o Corão, de acordo com a religião ditado por Alá ao profeta.
"Os hazaras não vão desistir nunca", reagiu Mohammad Zia Feroz, de 26 anos, empregados do Crescente Vermelho, o equivalente à Cruz Vermelha nos países muçulmanos. "Ameaças não vão nos parar. Não há alternativa além de participar das eleições."
Desde a derrota do Califado que tentou criar no Iraque e na Síria, o Estado Islâmico se infiltrou em países que vivem sob anarquia e guerra civil, especialmente na Líbia e no Afeganistão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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