sexta-feira, 6 de abril de 2018

Venezuela corta relações com 46 empresas e 22 pessoas do Panamá

A Venezuela suspendeu ontem por 90 dias as relações econômicas, comerciais e financeiras com 46 empresas e 22 cidadãos do Panamá. É uma retaliação à publicação em 29 de março pelas autoridades panamenhas de uma lista de suspeitos de lavagem de dinheiro com 55 venezuelanos. 

Entre eles, estão o ditador Nicolás Maduro; o número dois do regime chavista, Diosdado Cabello; o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno; a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena; e o procurador-geral da República, Tarek William Saab.

A Companhia Panamenha de Aviação (Copa Airlines) é a mais conhecida das empresas atingidas. Cobre várias rotas na América, tornando-se uma marca conhecida e competitiva no continente.

Através de uma resolução conjunta, os ministérios venezuelanos de Comércio Exterior e Investimento Internacional, Interior e Justiça, e Economia e Finanças tomaram a medida para combater "o uso recorrente do sistema financeiro panamenho por venezuelanos para movimentar dinheiro e bens provenientes de delitos contra o patrimônio público."

O governo da Venezuela ordenou "a suspensão imediata de toda relação econômica, comercial e financeira com os cidadãos da República do Panamá [apontados em lista] com base no princípio da precaução e como medida de proteção" de seu sistema financeiro, econômico e comercial. Usou assim a mesma alegação da outra parte.

A presidente da Assembleia Nacional Constituinte ilegal e ilegítima convocada por Maduro para tirar o poder da Assembleia Nacional democraticamente eleita, Delcy Rodríguez, defendeu hoje o corte de relações como resposta à "agressão", referindo-se à divulgação da lista de dirigentes venezuelanos suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro.

Em resposta, o Panamá retirou seu embaixador em Caracas. "A reação [venezuelana] é desproporcional e os afetados somos nós os venezuelanos", comentou Milagros Betancourt, especialista e relações internacionais.

"Estamos cada vez mais isolados: no hemisfério, a Venezuela será a única ilha no continente; no mundo nós e a Coreia do Norte. O governo esqueceu que a negociação, e não a confrontação, é a base das relações internacionais", acrescentou.

A União Europeia também impôs sanções a altos funcionários venezuelanos, além de um embargo à venda de armas e de qualquer material que possa ser usado na repressão a manifestações de protesto. Em 28 de março, a Suíça sancionou sete dirigentes da ditadura de Maduro e os proibiu de entrar no país.

"O governo responde automaticamente como uma fera ferida e encurralada porque o mundo se tornou pequeno e ele mesmo aprofunda seu isolamento", criticou o comentarista Luis Salamanca.

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