O vice-presidente Miguel Díaz Canel foi eleito hoje pela Assembleia Nacional como candidato único à Presidência de Cuba. Amanhã, será empossado por Raúl Castro, que substituiu o irmão Fidel a partir de 2006. A dinastia dos Castro governou Cuba durante quase 60 anos, desde a vitória da revolução, em 1º de janeiro de 1959.
É também uma mudança de gerações. Díaz-Canel, faz 58 anos amanhã. Não era nascido quando os guerrilheiros tomaram Havana. Como primeiro-secretário do Partido Comunista, Raúl será o poder por trás do trono até 2021.
É o lento adeus da geração revolucionária. Desde a morte de Fidel, Raúl é o último símbolo de uma era que se recusava a passar. Se for escolhido líder do partido, o novo presidente terá então plenos poderes.
Díaz-Canel começa amanhã um mandado de cinco anos, com direito a uma reeleição, uma regra estabelecida por Raúl. É um engenheiro eletrônico que subiu discretamente na hierarquia do partido. Será encarregado de tocar à frente a tímida abertura econômica ensaiada por Raúl na expectativa de manter o poder absoluto do regime comunista, o que é altamente improvável.
Como nunca deu entrevistas a estrangeiros, suas ideias são praticamente desconhecidas. "Não se sabe o que pensa e, além do mais, se em dez anos Raúl Castro não foi capaz de impulsionar as reformas por causa da resistência dos setores conservadores, não sei como poderá fazê-lo Díaz-Canel, que não tem sua legitimidade histórica e provavelmente não terá apoio unânime do Exército e do partido", raciocina o economista cubano Carmelo Mesa-Largo, professor da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, nos Estados Unidos.
O novo presidente enfrenta grandes desafios econômicos, a começar pela necessidade de unificar o câmbio, observa o cientista político Michael Bustamante, professor da Universidade Internacional da Flórida: "É um risco porque a desvalorização pode afetar muito a população. Mas, se conseguir levar adiante, é uma oportunidade para se legitimar diante da população."
Durante o governo Raúl Castro, depois de negociações mediadas pelo Vaticano e o papa Francisco, em 17 de dezembro de 2014, o ditador cubano e o então presidente americano, Barack Obama, anunciaram o reatamento de relações entre os EUA e Cuba.
Em 20 de junho de 2015, as duas embaixadas foram reabertas. Obama afrouxou alguns aspectos do embargo econômico em vigor desde fevereiro de 1962, facilitando viagens e remessas de dinheiro.
O governo Donald Trump não rompeu relações, mas reduziu o pessoal da embaixada depois que vários diplomatas e funcionários sentiram sintomas atribuído a um suposto ataque com ondas sonoras que não se sabe de quem partiu.
Para agradar a sua base conservadora, o atual presidente praticamente congelou o reatamento com Cuba. Sem uma abertura política, Trump e o Partido Republicano querem manter a linha dura contra o inimigo histórico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Ascensão de Díaz-Canel marca fim da era Castro em Cuba
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