Antes do fim da apuração de três dias, a imprensa governamental havia antecipado o resultado. Agora, é oficial: com 97,08% dos votos válidos, o ditador, marechal Abdel Fattah al-Sissi, responsável pelo golpe de Estado de 3 de julho de 2013, foi reeleito presidente do Egito para um segundo mandato de quatro anos.
Sem qualquer adversário de oposição, o marechal gostaria de superar o índice de comparecimento às urnas de 2014 (47%), mas a eleição sem qualquer disputa desestimulou o eleitorado. Só 41,5% dos eleitores egípcios foram às urnas.
O ditador foi logo cumprimentado pelo Departamento de Estado americano, em mais um sinal do pouco apreço do governo Donald Trump pela democracia. A agora subsecretária de Estado para Diplomacia e Questões Públicas, Heather Nauert, declarou que os Estados Unidos "estão impacientes para continuar a trabalhar com o presidente Abdel Fattah al-Sissi" e manter "sua parceria forte com o Egito".
Depois da queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, nas revoltas da chamada Primavera Árabe, a única oposição organizada do Egito, a Irmandade Muçulmana, venceu as eleições democráticas e tentou consolidar com uma série de manobras denunciadas pelos movimentos que derrubaram Mubarak.
No golpe de 2013, diante de uma série de manifestações de protesto contra o crescente autoritarismo da Irmandade Muçulmana, o então comandante do Exército, general Al-Sissi depôs Mohamed Mursi, o primeiro presidente eleito democraticamente da história do Egito. Em 2014, foi eleito presidente com 96,9% dos votos válidos
Foi a volta do controle absoluto do chamado Estado profundo, uma aliança entre as Forças Armadas, os serviços de segurança e o empresariado, que governa o Egito desde a Revolução dos Coronéis, que depôs o rei Faruk em 1952. Suas forças sempre estiveram prontas para reassumir o controle.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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