A China reagiu rapidamente às novas tarifas anunciadas ontem pelos Estados Unidos sobre 1.333 produtos chineses, taxando 106 categorias de produtos americanos importados dos EUA em 25%, num total de US$ 50 bilhões por ano. Entre os produtos visados, estão automóveis, produtos químicos e soja.
Os alvos principais da China são estados conservadores com grande produção agrícola onde Trump venceu a eleição presidencial. Depois de uma forte queda no primeiro momento, por medo de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, a Bolsa de Valores de Nova York se recuperou e fechou em alta de 0,96%.
"A China nunca sucumbiu a pressões externas", declarou o vice-ministro das Finanças, Zhu Guangyao. "A pressão externa vai apenas fazer o povo chinês se concentrar mais no desenvolvimento econômico. A postura da China é clara. Não queremos uma guerra comercial porque prejudicaria os interesses dos dois países."
Até agora, os tarifaços são considerados insuficientes para ter um grande impacto no comércio bilateral entre os dois países, de quase US$ 650 bilhões no ano passado, com saldo de US$ 375 bilhões para a China.
"Devemos negociar da maneira profissional", comentou o professor Jie Zhao, pesquisador da Universidade Fudan, em Xangai, "e torná-la menos ideológica e emocional."
O conflito começou quando o presidente Trump decidiu cobrar imposto de importação de 25% sobre importações de aço e de 15% sobre as de alumínio e, em seguida, deu isenções a aliados dos EUA, inclusive o Brasil.
As autoridades chinesas responderam cobrando tarifas sobre 128 produtos importados dos EUA, sobretudo produtos primários. Ontem, Trump anunciou sobretaxas num valor total de US$ 50 bilhões, acusando a China de roubar a propriedade intelectual dos EUA há décadas.
Um dos objetivos de Trump seria travar uma guerra tecnológica surda para impedir a China de superar os EUA em alta tecnologia, parte do projeto chinês para se tornar a maior potência mundial. O regime comunista chinês tem um programa chamado Fabricado na China 2025 para se tornar líder mundial em aeronáutica, robótica e carros elétricos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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