Congelar os testes nucleares e de mísseis não basta. Quando encontrar o ditador Kim Jong Un, no fim de maio ou início de junho, o presidente Donald Trump vai exigir o desmantelamento do arsenal nuclear da Coreia do Norte para suspender as sanções impostas pelos Estados Unidos.
Estas são duas questões fundamentais: o ritmo do desarmamento nuclear do regime comunista da Coreia do Norte e o cronograma de retirada das sanções internacionais.
"Quando o presidente diz que não vai repetir os erros do passado, significa que os EUA não farão concessões substanciais como levantar as sanções antes que a Coreia do Norte desmantele substancialmente seus programas nucleares", declarou um alto funcionário do governo Trump ao jornal The Wall Street Journal.
Em pronunciamento ao povo norte-coreano, Kim afirmou que estava congelando os testes nucleares e de mísseis porque o país atingiu o objetivo de ter armas atômicas. O objetivo central do regime stalinista de Pyongyang passaria a ser o desenvolvimento econômico.
"Se a Coreia do Norte partir para uma desnuclearização rápida, então o céu é o limite", acrescentou a mesma fonte. Mas Trump não vai oferecer nenhum benefício econômico antes de se certificar de que a desnuclearização é para valer.
No Twitter, o presidente americano observou que "estamos muito longe de uma conclusão com a Coreia do Norte, talvez as coisas funcionem, talvez não - só o tempo dirá... Mas o trabalho que estou fazendo agora deveria ter sido feito há muito tempo."
Ontem, Kim indicou que não pretende abrir mão das armas. Depois do encontro com o ditador da China, Xi Jinping, um porta-voz chinês citou o ditador norte-coreano para falar que prefere "medidas sincronizadas em fases para chegar à paz".
Durante o fim de semana da Páscoa, quando recebeu em Pyongyang o diretor-geral da CIA (Agência Central de Inteligência) e secretário de Estado designado, Mike Pompeo, Kim propôs um acordo baseado em concessões paralelas a cada fase que poderia se estender por anos.
"Um congelamento é simples de reverter", comentou o alto funcionário. O governo Trump exige medidas imediatas de grande impacto. Não aceita que a Coreia do Norte use as negociações como pretexto para driblar as sanções internacionais impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Como a aplicação das sanções depende basicamente da China, responsável por 90% do comércio exterior norte-coreano, Kim pode usar as negociações para convencer Beijim a aliviar a pressão.
A Coreia do Norte insiste na necessidade de ir construindo uma confiança mútua entre os dois países. Com base no histórico de negociações da Coreia do Norte, os EUA desconfiam de qualquer acordo baseado na implementação gradual da desnuclearização.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
O atual processo de aprofundamento estratégico da China, caracterizado pela tomada das ilhas do mar da China, impede o ditador coreano de vöos mais altos. afinal, um país-bucha-de-canhao nao pode virar virar polvora nesse processo de atrito entre as superpotencias.
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