sexta-feira, 27 de abril de 2018

Kim fala em paz e recomeço no reencontro de cúpula das Coreias

Um encontro histórico reuniu hoje o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In, em Panmunjon, na zona desmilitarizada entre os dois países. Meses depois de ameaçar incendiar o mundo, Kim atravessou simbolicamente várias fronteiras ao pisar em território do Sul e participar do encontro antes de se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Desde o início do ano, Kim trocou a linguagem da guerra e da ameaça pela diplomacia. Enviou uma delegação à Coreia do Sul para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang com a irmã como emissária para falar com Moon. Visitou Beijim para receber o apoio da aliada China, em sua primeira viagem ao exterior como líder da Coreia do Norte. E aceitou negociar a questão nuclear diretamente com os Estados Unidos.

Para mostrar boa vontade, Kim anunciou o congelamento dos testes nucleares e de mísseis, deixando
claro que não são mais necessários. No mesmo pronunciamento, indicou a intenção de manter o atual arsenal nuclear. Isto é inaceitável pelo governo Trump, que exige o desmantelamento das armas atômicas norte-coreanas.

Este foi um acordo inicial de grande importância. As duas Coreias não assinaram um acordo de paz depois da Guerra da Coreia (1950-53). Os dois países não reconhecem um ao outro e reivindicam a soberania sobre todo o território da Península Coreana.

Um acordo de paz definitivo é um elemento central nas negociações que estão começando. O encontro Kim-Trump está previsto para fins de maio ou início de junho.

No fim da reunião, os líderes das duas Coreias prometeram negociar um acordo de paz definitivo ainda neste ano e "desnuclearizar a Península Coreana". Não falaram sobre detalhes desta desnuclearização, que Kim deverá negociar com Trump.

Se Kim exigir a retirada total dos 28,5 mil soldados americanos estacionados atualmente na Coreia do Sul, os EUA vão dizer que não. Como o governo americano não divulga dados sobre a movimento de suas forças nucleares, seria um pretexto para a Coreia do Norte manter pelo menos parte de seu arsenal nuclear.

Ainda é difícil imaginar que a Coreia do Norte abra mão das armas atômicas depois de tanto esforço para seu desenvolvimento. Desde o Ano Novo, quando passou de rebelde indomável a diplomata, Kim surpreende o mundo. No momento, está dando as cartas.

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