Mais uma salva de tiros na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo. Em resposta às tarifas impostas pelo governo Donald Trump, a China anunciou hoje em Beijim que vai sobretaxar 128 produtos fabricados nos Estados Unidos, inclusive carnes, frutas e vinho, informou o canal americano de notícias econômicas CNBC.
As novas tarifas entram em vigor nesta segunda-feira, comunicou em nota o Ministério das Finanças da China. A Comissão de Tarifas Alfandegárias vai aplicar imediatamente tarifas de 25% sobre carne de porco e derivados e sucata de alumínio.
Outros 120 produtos primários americanos comprados pela China, de frutas silvestres e maçãs a amêndoas, nozes e castanhas, vão pagar 15% de imposto de importação.
Trump começou taxando todas as importações de aço em 25% e as de alumínio em 15%. Em seguida, passou a excluir países aliados dos EUA, inclusive o Brasil, mas manteve as tarifas para negócios com a China.
Há dez dias, Trump revelou planos para taxas as importações chinesas num valor total de US$ 60 bilhões por ano, numa tentativa de reduzir o déficit comercial dos EUA no comércio bilateral, que no ano passado foi de US$ 375,2 bilhões (R$ 1,24 trilhão).
Depois de fortes quedas pela ameaça de uma guerra comercial, a Bolsa de Nova York voltou a subir, com notícias de que os EUA estariam negociando secretamente para evitar os prejuízos de um conflito. O contra-ataque chinês indica que um acordo ainda está longe.
A retaliação chinesa se concentrou em produtos agropecuários. Os fazendeiros americanos exportaram US$ 20 bilhões para a China em 2017. O setor de carne suína e derivados vendeu US$ 1,1 bilhão aos chineses. A carne de porco é tradicionalmente a principal fonte de proteína animal na China. É o terceiro mercado mais importante para as exportações da suinocultura dos EUA.
O impacto total fica muito abaixo dos US$ 60 bilhões de Trump, sinal de que a China ainda está aberta a negociar. Mas não significa que vá ceder. O economista Robert Shiller, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2013, adverte para o risco de que sucessivas imposições de tarifas bilaterais de lado a lado levem à "crise econômica" ao "caos" e à "desaceleração do desenvolvimento".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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