Com sua candidatura à Casa Branca derretendo, o bilionário Donald Trump vai hoje ao México se encontrar com o presidente Enrique Peña Nieto horas antes de fazer um discurso sobre imigração em Phoenix, no Arizona.
O governo mexicano convidou os dois candidatos dos grandes partidos, Trump e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Peña Nieto, que comparou o magnata imobiliário aos ditadores nazista Adolf Hitler e fascista Benito Mussolini, declarou "acreditar no diálogo para promover os interesses do México e proteger os mexicanos onde estiverem".
Trump e Peña Nieto devem se encontrar no início da tarde na residência oficial de Los Pinos e emitir uma declaração conjunta. Não vai haver entrevista coletiva.
É difícil imaginar o que o magnata imobiliário poderá tirar de positivo do encontro depois de acusar os mexicanos de serem traficantes, ladrões e estupradores no início da campanha - e de prometer expulsar todos os 11 milhões de imigrantes ilegais, erguer um muro na fronteira e obrigar o México a pagar. Na época, o ex-presidente Vicente Fox respondeu com um sonoro palavrão.
Trump também quer renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e ameaça reter o dinheiro enviado por mexicanos residentes nos EUA a suas famílias no México.
O presidente mexicano tem sido duramente criticado por aceitar o encontro. "Isto é um apaziguamento da pior espécie, Peña Nieto é como [o primeiro-ministro britânico Neville] Chamberlain para Hitler", disparou o ex-oficial de inteligência Alejandro Hope, referindo-se à decisão de entregar a Tcheco-Eslováquia aos nazistas antes da Segunda Guerra Mundial.
"Para Trump, faz sentido. Dá um polimento na sua imagem", protestou Hope. "O que Peña vai ganhar com isso? Metade do preço pelo muro?"
O pesquisador Shannon O'Neill, do Conselho de Relações Exteriores, com sede em Nova York, não entende "por que Peña está fazendo isso, especialmente neste momento. Não o ajuda em casa e coloca o México e ele mesmo no processo eleitoral americano pelo menos por um dia, um lugar carregado para um presidente estrangeiro."
Atrás nas pesquisas e enorme desvantagem no eleitorado de origem latino-americana, Trump tenta agora cortejar o voto latino. Qualquer recuo nas suas políticas anti-imigrantes será visto como fraqueza e quebra de compromisso com o eleitorado branco, adulto e masculino sem curso superior, a maioria de seus partidários.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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