A milícia extremista muçulmana Boko Haram tem um novo líder, Abu Mussab al-Barnawi, nomeado pela organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, noticiou o jornal americano The Washington Post.
Em entrevista divulgada pelo Estado Islâmico, o novo líder promete acabar com ataques a mesquitas e mercados frequentados por muçulmanos e recuperar o território perdido, mas o antigo líder, Abubakar Shekau, denuncia um golpe e anuncia que vai lutar pelo poder.
No início do ano passado, Shekau jurou lealdade ao grupo terrorista do Oriente Médio e mudou o nome do Boko Haram, que significa repúdio à educação ocidental, para Província do Estado Islâmico na África Ocidental. Naquela época, a aliança foi vista mais como um golpe publicitário do que uma união real com benefícios mútuos.
Desde a posse na Presidência da Nigéria, em maio de 2015, do ex-ditador e general da reserva Muhammadu Buhari, o Exército intensificou a campanha contra os jihadistas, mas enfrenta um escândalo de corrupção ligado à guerra. Mais de US$ 2 bilhões teriam sido desviados da luta contra a milícia.
O comando militar nigeriano afirmou na semana passada que o Boko Haram não controla mais territórios no país e está refugiado em florestas, mas a guerra está longe de acabar. Há uma onda de jihadismo na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara, que se estende da África Ocidental à Somália, alimentada pelo tráfico de armas e mercenários na guerra civil da Síria.
Em sete anos de luta armada, o grupo liderado por Shekau é responsável uma guerra civil em que 20 mil pessoas morreram e outros 2,2 milhões fugiram de casa. A ascensão de Barnawi indica uma dissidência no Boko Haram iniciada pelo grupo Ansaru. Al-Barnawi é o pseudônimo de um jornalista nigeriano ligado ao Ansaru.
Para o presidente da Associação de Operadores de Segurança Industrial da Nigéria, Ona Ekhomu, a mudança de líder pode levar o Boko Haram a lançar ações espetaculares, inclusive na maior e mais importante cidade nigeriana, Lagos, antiga capital do país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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