Eles pareciam lobos solitários, jovens radicalizados via Internet capazes de mimetizar atentados terroristas. Mas cada vez mais as autoridades da Alemanha suspeitam que eles atacaram sob ordens diretas da milícia terroristas Estado Islâmico do Iraque e do Levante, informa a revista alemã Der Spiergel.
Mohammad Daleel tinha 27 anos e parecia "amigável" aos assistentes sociais do governo alemão que lhe davam apoio. Apesar de seu pedido de asilo ter sido recusado, ganhava 320 euros por mês enquando aguardava a deportação.
Por trás de uma vida aparentemente tranquila, ao revistar seu apartamento, a polícia encontrou produtos químicos para fabricar bombas, detonadores e pilhas de notas de 50 euros. Horas antes, Daleel havia se detonado diante da sede de um festival de música em Ansbach, no estado da Baviera. Só ele morreu. Outras 15 pessoas saíram feridas.
O Estado Islâmico assumiu a autoria pelo atentado, descrevendo Daleel como um "soldado do Califado", mas as autoridades alemãs duvidaram: ele agiu sob a orientação do grupo terrorista ou a reivindicação foi oportunista?
A investigação descobriu contatos do terrorista por mensagem de texto com o Oriente Médio até pouco antes do atentado suicida. O interlocutor conhecia o plano de ataque e orientou Daleel para evitar que sua bolsa fosse revistada na entrada do festival de Ansbach.
Ao mesmo tempo, os publicitários do Estado Islâmico tinham em mãos um vídeo do homem-bomba jurando lealdade ao líder do grupo, Abu Baker al-Baghdadi, outro sinal de contato direto com o núcleo central da organização. Também é improvável que ele conseguisse fazer uma bomba sozinho, com as instruções da Internet apenas.
Daleel vivia em Ansbach há quase dois anos. Conseguiu adiar a deportação para a Bulgária devido a problemas psicológicas e sequelas de ferimentos sofridos na guerra civil da Síria. Agora, as autoridades alemãs querem saber se ele era realmente um extremista muçulmano ou se o Estado Islâmico se aproveitou de uma pessoa vulnerável.
A mesma linha de investigação tenta esclarecer se Riaz Khan, um jovem exilado afegão de 17 anos, tinha o mesmo perfil, se tinha contatos com o grupo no Oriente Médio.
Dias antes de atacar um trem perto da cidade de Würzburg, na mesma Baviera, ferindo gravamente quatro pessoas com uma faca e um machado, Khan passava longos períodos no telefone. Aos pais adotivos alemães da cidade de Gaukönigshofen, disse que havia morrido um amigo no Afeganistão.
Khan estava em observação desde junho, quando foi acusado de puxar uma faca numa discussão sobre um console de videogame. Apesar disso e de outra briga num alojamento para refugiados, ele deixou boa impressão nos assistentes sociais como um jovem "positivo, altruísta, motivado e aberto". Seu responsável registrou "grandes progressos".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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