O líder de uma "brigada moralista" da rede terrorista Al Caeda acusado de destruir santuários muçulmanos centenários na cidade de Timbuktu, no Mali, tornou-se ontem o primeiro réu a confessar a culpa por crime contra o patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Em processo no Tribunal Penal Internacional, Ahmad al-Faki al-Mahdi pode ser condenado a até 30 anos de prisão por arrasar deliberadamente nove dos 16 mausoléus islâmicos de Timbuktu e a porta entalhada de uma mesquita durante o período de dez meses, de março de 2012 a janeiro de 2013, em que a cidade foi tomada por rebeldes tuaregues e grupos aliados à rede terrorista Al Caeda no Magrebe Islâmico.
Timbuktu era um ponto de parada importante na rota das caravanas que cruzavam o Deserto do Saara entre o Golfo da Guiné e o Egito. No Tinha vários monumentos tombados pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).
Quando os jihadistas tomaram o poder, atacaram as mesquitas e mausoléus com representações da seres humanos e animais, que os salafistas repudiam como idolatria. Vários manuscritos da biblioteca da cidade, uma das mais importantes do fim da Idade Média, foram removidos secretamente para serem salvos.
No processo, Al-Mahdi colaborou com o tribunal, mostrou arrependimento e fez um apelo aos extremistas muçulmanos para que não repitam seus crimes. Sua pena deve ser reduzida para 10 anos de prisão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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