Depois de 52 anos de guerra civil e quatro de negociações de paz, o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) chegaram hoje a um acordo de paz em Havana, a capital de Cuba, para acabar com o mais longo conflito interno da história recente da América Latina, noticiou o jornal colombiano El Tiempo.
O acordo de paz definitivo deve ser assinado dentro de um mês e ainda depende de aprovação em referendo a ser realizado em 2 de outubro. Mais de 60% dos colombianos apoiam as negociações de paz. A tendência é de aprovação.
Assim que o acordo for referendado, as FARC começam o processo de desmobilização e entrega das armas para se integrar à vida civil como um partido político, informou o jornal colombiano El Espectador. Os guerrilheiros serão concentrados em 23 zonas e oito acampamentos.
O novo partido será reconhecido quando terminar o desarmamento. Terá pelo menos cinco deputados e cinco senadores por dois mandatos. De resto, será obrigado cumprir as normas da legislação colombiana, com a exceção da exigência de obter 3% dos votos em eleições nacionais para a Câmara ou o Senado.
A Colômbia vive em guerra civil desde o assassinato do candidato liberal à Presidência República Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948. Sua morte provocou uma explosão de violência na capital colombiana, o Bogotaço, com mais de 2 mil mortes em 24 horas e o início de uma era trágica conhecida como La Violencia, em que mais de 200 mil pessoas foram mortas.
Naquele período, as oposições liberais e de esquerda foram para a clandestinidade. Parte aderiu à luta armada. As FARC nasceram em 1964 como braço armado do proscrito Partido Comunista Colombiano, de orientação soviética. Chegaram a controlar 15% a 20% do território colombiano.
Pelo menos 220 mil pessoas foram e 90 mil desapareceram na guerra civil deflagrada pelas FARC. Cerca de 6,9 milhões de colombianos fugiram de suas casas.
O governo tenta agora iniciar negociações formais com o segundo maior grupo guerrilheiro da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional. Ao anunciar o acordo, os representantes das FARC fizeram um apelo ao ELN para que siga o exemplo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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