Para tentar conter o impacto negativo da saída do Reino Unido da União Europeia, o Banco da Inglaterra reduziu hoje de 0,5% para 0,25% sua taxa básica de juros e anunciou um plano de estímulo econômico de 170 bilhões de libras, cerca de US$ 224 bilhões ou R$ R$ 713 bilhões.
É a menor taxa básica de juros em 322 anos de história do Banco da Inglaterra e o maior programa de estímulo desde a crise financeira internacional de 2008. A partir de setembro, 70 bilhões de libras serão usados para comprar títulos públicos e de empresas privadas.
Nos próximos seis meses, o Banco da Inglaterra vai comprar bônus da dívida pública soberana do Reino Unido no valor de 60 bilhões de libras (US$ 80 bilhões ou R$ 252, bilhões). A partir do mês que vem, também vai comprar bônus de empresas privadas no valor de 10 bilhões de libras durante um ano e meio. Poderão ser aquiridos títulos de 150 empresas privadas.
É a retomada do programa de alívio quantitativo para aumentar a quantidade de dinheiro em circulação, suspenso desde 2012, quando a economia britânica se recuperou da Grande Recessão de 2008-9.
Um fundo de 100 bilhões de libras será criado para oferecer financiamento aos bancos a taxas de juros próximas da taxa básica, incentivando os bancos a repassar as taxas baixas aos clientes. É uma forma de ajudar os bancos a suportar esta época de juros baixos.
"Todas as medidas anunciadas podem ser ampliadas", declarou o presidente do banco, Mark Carney. Apesar do "pacote de medidas excepcionais", advertiu ele, 250 mil pessoas podem perder o emprego no Reino Unido por causa do impacto econômico da Brexit (saída britânica da UE).
Todos os nove membros do Comitê de Política Monetária (Copom) foram a favor da queda nos juros. Três votaram contra a retomada das compras de bônus, considerando-a prematura.
Em nota, o Copom do banco central britânico estimou que a economia do país será 2,5% menor em 2018 do que previsto em maio deste ano, antes do plebiscito que aprovou a saída do Reino Unido da UE.
Com o resultado do referendo, a expectativa de crescimento da economia britânica para 2017 baixou de 2,3% para apenas 0,8%. A taxa de desemprego deve aumentar dos atuais 4,9% para 5,6% em 2018. A inflação deve crescer e os preços das casas tendem a cair.
O Copom do Banco da Inglaterra indicou que pode baixar ainda sua taxa básica de juros ainda neste ano para um nível pouco acima de zero. São cada vez mais evidentes os males causados pela Brexit.
Depois do anúncio, a libra caiu mais 1,58% em relação ao dólar, sendo cotada em US$ 1,3115.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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