Pelo menos nove tibetanos foram feridos no fim de semana quando a polícia da China disparou contra manifestantes que celebravam o aniversário de Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, exilado há 54 anos, na cidade de Daofu, na província de Sichuã.
A China deve intensificar sua luta contra indicou o Dalai Lama, o chefe da seção do Partido Comunista encarregada de minorias étnicas e religiosas, Yu Zhengsheng. Ele advertiu funcionários do regime numa área densamente povoada por tibetanos que as "atividades separatistas" do Dalai Lama não são parte da tradição budista e vão contra os interesses da China.
Diante da uma nova rebelião da minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang, no Noroeste do país, acreditava-se que a China estaria adotando uma posição mais suave em relação ao Dalai Lama, que luta pacificamente por autonomia para o Tibete para preservar sua cultura.
O regime comunista chinês corre o risco de radicalizar ainda mais o movimento nacionalista tibetano, duramente reprimido em 2008, meses antes da Olimpíada de Beijim. Desde 2011, mais de cem monges se autoimolaram tocando fogo nas próprias roupas para protestar contra a ditadura chinesa.
O Tibete foi incorporado à China na era de Gengis Khan, no século 13, quando os dois países faziam parte do Império Mongol.
Com o colapso do Império Chinês e a proclamação da república por Sen Yat-Sen, o Tibete tornou-se independente de 1912 até ser retomado, em 1951, pelo regime comunista instaurado por Mao Tsé-tung depois da vitória da revolução, em 1949. Em 1959, diante da derrota de uma revolta contra a dominação chinesa, o Dalai Lama fugiu para o exílio na Índia.
Hoje o Tibete é oficialmente uma "região autônoma" da China, mas esta autonomia está só no papel. Na prática, o regime comunista adota políticas de assimilação cultural acusadas de destruir a cultura tibetana, além de incentivar a migração de chineses do grupo étnico han, majoritários na China, que conseguem os melhores empregos e negócios.
Como Tenzin Gyatso está velho e doente, o risco para a China é de radicalização do movimento nacionalista tibetano e da escolha de um Dalai Lama disposto a lutar pela independência total do Tibete. O regime comunista está manobrando para indicar seu próprio sucessor. Assim, haveria dois dalais lamas concorrentes.
O maior temor da ditadura comunista chinesa é que o movimento nacionalista tibetano reivindique toda a região conhecida como Grande Tibete, que reúne quatro províncias (Tibete, Gansu, Qinghai e Sichuã), num total de 1,1 milhão de quilômetros quadrados, 11,45% do território da China.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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