sexta-feira, 19 de julho de 2013

Obama: "Trayvon Martin poderia ter sido eu há 35 anos"

Ao comentar a absolvição do vigia branco que matou um jovem negro na Flórida em fevereiro de 2013, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acaba de dizer na Casa Branca: "Trayvon Martin poderia ter sido eu 35 anos atrás".

Na época, Obama observou que a vítima poderia ter sido um filho dele. Agora, acrescentou que, se poderia ter sido um filho dele também poderia ser ele mesmo e que a comunidade negra ou afro-americana vê esses casos com uma perspectiva histórica das injustiças de que é alvo desde a escravidão.

Foi o mais longo pronunciamento de Obama sobre racismo desde a campanha eleitoral de 2008. O presidente dos EUA disse que "quase todos os afro-americanos foram seguidos alguma vez na vida quando faziam compras, inclusive eu". Veja os trechos mais importantes no jornal The Washington Post.

O vigilante voluntário George Zimmerman, de 29 anos, matou o jovem negro de 17, mais alto do que ele, alegando ter se sentido ameaçado. A Flórida e outros 21 estados americanos têm leis conhecidas como "defenda seu terreno" que ampliam o direito à legítima defesa, autorizando o ataque quando uma pessoa acredita estar em situação de perigo.

Diante da sentença, o secretário da Justiça e procurador-geral dos EUA, Eric Holder, também negro, criticou esse tipo de lei, argumentando que "aumenta a violência em nossas comunidades".

Em ligação telefônica para a polícia, Zimmerman descreveu Martin como suspeito e foi aconselhado a não ir atrás dele. A vítima, em telefonema a uma amiga, se queixou de estar sendo seguido. Logo depois, houve o confronto e a morte.

Zimmerman alegou ter sido agredido ao abordar o rapaz, que teria quebrado seu nariz e batido com sua cabeça contra o chão antes de ser baleado. Um júri formado por seis mulheres branca absolveu o vigilante. Em entrevista à TV, uma jurada disse que o colegiado entendeu que a voz que se ouvia numa gravação pedindo ajuda seria do atirador e não do jovem morto.

Se entender que o crime teve motivação racista, o governo federal dos EUA pode abrir um novo processo contra Zimmerman, mas será difícil provar isso num tribunal.

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