Um ano depois de sua eleição, o presidente Mohamed Mursi foi hoje o alvo principal de uma gigantesca manifestação na Praça da Libertação, no Centro do Cairo, a maior desde a queda de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011. A oposição exige sua renúncia sob o argumento de que a revolução no Egito não derrubou uma ditadura militar para aceitar outra da Irmandade Muçulmana.
Pelo menos uma pessoa morreu e outras saíram feridas em confrontos entre governistas e oposicionistas.
O mais antigo grupo fundamentalista islâmico, fundado em 1928 no Egito por Hassan al-Bana, beneficiou-se de sua organização para vencer as eleições da chamada Primavera Árabe. No momento, controla a Presidência e o Parlamento do país com o beneplácito das Forças Armadas.
As manifestações são organizadas por um novo movimento chamado Tamarod (Rebelde, em árabe), que alega ter coletado 15 milhões de assinaturas pedindo a saída de Mursi e a antecipação das eleições presidenciais. O presidente e a Irmandade Muçulmana alegam que sua legitimidade vêm das urnas.
Se não conseguir pacificamente, o Tamarod pretende criar um clima de confrontação e violência política para provocar uma ruptura na aliança tácita entre islamitas e militares e uma nova intervenção das Forças Armadas na política egípcia.
Com o caos e o desgoverno resultantes da revolução que derrubou Mubarak, os turistas fugiram e a economia, um dos motivos da revolta popular em 2011, está numa crise cada vez pior. A Irmandade Muçulmana perde popularidade por não conseguir administrar um país ainda em estado revolucionário, e as multidões frustradas pelo sequestro de sua revolução retomam as ruas na esperança de fazer valer seus ideais.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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