Dez dias antes da eleição presidencial de 14 de junho de 2013, em que só participam candidatos aprovados pelo regime fundamentalista do Irã, o funeral de um clérigo dissidente na cidade histórica de Isfahã terminou em protesto.
A multidão pedia "morte ao ditador", numa referência ao líder espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, "liberdade para os presos políticos" e "liberdade para Mussavi e Karroubi", dois oposicionistas derrotados na fraudulenta eleição presidencial de 2009.
Dezenas de milhares de iranianos participaram ontem do enterro do aiatolá Jalaludin Taheri, que morreu aos 87 e era um crítico da linha dura que domina o Irã. Foi o maior protesto desde a onda de manifestações do Movimento Verde, que apoiava Mir Hussein Mussavi há quatro anos.
Mussavi e Karroubi estão em prisão domiciliar desde aquela época. Quando começaram as revoltas da chamada Primavera Árabe, havia expectativa de que o mesmo pudesse acontecer no Irã, mas a ditadura teocrática dos aiatolás conseguiu mais uma vez reprimir a oposição.
O favorito para a eleição presidencial é o principal negociador nuclear do país, Said Jalili, de 47 anos, que teria o apoio do aiatolá supremo.
Dois candidatos importantes foram rejeitado pelo Conselho dos Guardiães da Constituição, o ex-presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani (1989-97), derrotado pelo atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, no segundo turno em 2005, e Esfandiar Machaie, chefe de gabinete e principal assessor de Ahmadinejad, que perdeu o apoio de Khamenei.
Assim, os reformistas apostam no ex-negociador nuclear Hassan Rohani, que seria mais moderado, mas não acreditam que Khamenei aceite sua vitória num possível segundo turno.
Em 2009, o presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, que não pode se candidatar à reeleição, foi reeleito no primeiro turno sob fortes suspeitas, com 64% dos votos. Ao contrário das eleições anteriores, a apuração foi centralizada no Ministério do Interior.
Durante toda a apuração, realizada em seis horas, praticamente não houve variação percentual na votação dos candidatos. Karroubi teve 0,38% dos votos, muito menos do que na eleição anterior. Como só o próprio regime investigou as denúncias de fraude e admitiu erros menores que não afetaram o resultado, só há provas circunstanciais
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário