quarta-feira, 5 de junho de 2013

Funeral vira protesto contra ditadura no Irã

Dez dias antes da eleição presidencial de 14 de junho de 2013, em que só participam candidatos aprovados pelo regime fundamentalista do Irã, o funeral de um clérigo dissidente na cidade histórica de Isfahã terminou em protesto.

A multidão pedia "morte ao ditador", numa referência ao líder espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, "liberdade para os presos políticos" e "liberdade para Mussavi e Karroubi", dois oposicionistas derrotados na fraudulenta eleição presidencial de 2009.

Dezenas de milhares de iranianos participaram ontem do enterro do aiatolá Jalaludin Taheri, que morreu aos 87 e era um crítico da linha dura que domina o Irã. Foi o maior protesto desde a onda de manifestações do Movimento Verde, que apoiava Mir Hussein Mussavi há quatro anos.

Mussavi e Karroubi estão em prisão domiciliar desde aquela época. Quando começaram as revoltas da chamada Primavera Árabe, havia expectativa de que o mesmo pudesse acontecer no Irã, mas a ditadura  teocrática dos aiatolás conseguiu mais uma vez reprimir a oposição.

O favorito para a eleição presidencial é o principal negociador nuclear do país, Said Jalili, de 47 anos, que teria o apoio do aiatolá supremo.

Dois candidatos importantes foram rejeitado pelo Conselho dos Guardiães da Constituição, o ex-presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani (1989-97), derrotado pelo atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, no segundo turno em 2005, e Esfandiar Machaie, chefe de gabinete e principal assessor de Ahmadinejad, que perdeu o apoio de Khamenei.

Assim, os reformistas apostam no ex-negociador nuclear Hassan Rohani, que seria mais moderado, mas não acreditam que Khamenei aceite sua vitória num possível segundo turno.

Em 2009, o presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, que não pode se candidatar à reeleição, foi reeleito no primeiro turno sob fortes suspeitas, com 64% dos votos. Ao contrário das eleições anteriores, a apuração foi centralizada no Ministério do Interior.

Durante toda a apuração, realizada em seis horas, praticamente não houve variação percentual na votação dos candidatos. Karroubi teve 0,38% dos votos, muito menos do que na eleição anterior. Como  só o próprio regime investigou as denúncias de fraude e admitiu erros menores que não afetaram o resultado, só há provas circunstanciais

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