Depois que o presidente Barack Obama autorizou os Estados Unidos a armar os rebeldes moderados que lutam contra a ditadura de Bachar Assad na Síria, eles alegaram que "demorou muito" e que agora precisam de armas pesadas para oferecer uma resistência efetiva ao governo. Com o apoio da Rússia, do Irã e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá, o regime sírio virou o jogo nas últimas semanas e está ganhando a guerra.
O governo sírio negou hoje que tenha usado armas químicas, argumento dos EUA para justificar uma intervenção no conflito.
A mudança na correlação de forças no campo de batalha deve ter sido importante para a decisão de Obama. Os EUA estão copatrocinando uma conferência de paz com a Rússia. Com a vantagem militar, dificilmente Assad faria concessões. Só vai negociar para valer quando se sentir realmente ameaçado.
Além de dar armas leves aos rebeldes, os EUA examinam a possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea, proibindo o regime sírio de usar aviões e helicópteros de combate contra os rebeldes. Isso exigiria a destruição das defesas antiaéreas da Síria, que podem ser reforçadas nos próximos por sistemas avançados vendidos pela Rússia.
Assim, esta seria uma última oportunidade de intervir militarmente com sucesso na guerra civil síria.
As baterias antiaéreas russas também mudariam o equilíbrio de forças no jogo de poder do Oriente Médio. Israel bombardeou a Síria duas ou três vezes durante a guerra civil, sem que o regime de Assad tivesse condições de reagir. Em 2007, Israel destruiu uma usina nuclear síria em construção com tecnologia norte-coreana.
Ao impor uma zona de proibição de voo com aviões baseados na Jordânia a pretexto de proteger rebeldes e refugiados, os EUA dariam uma grande ajuda a Israel, que teme a transformação da Síria numa república islâmica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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