quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Extinção de espécies agrava efeito estufa

Quando espécies sensíveis são extintas, os ecossistemas perdem um pouco a capacidade de se reajustar e resistir à mudança do clima, concluiu uma pesquisa realizada por biólogos do Departamento de Biologia e Ciências Ambientais da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, publicada hoje na revista acadêmica Ecology Letters.

Para os pesquisadores, uma biodiversidade grande é um seguro para a natureza e a sociedade humana porque pelo menos algumas das espécies sobreviventes serão capazes de realizar funções importantes como a purificação da água ou a polinização das plantas.

"É o mesmo princípio usado para fazer uma carteira de investimentos - seria uma loucura colocar todos os seus ovos na mesma cesta", comentou o chefe da pesquisa, o biólogo Johan Eklöf.

A experiência incluiu observações no litoral da Suécia e a criação de miniecossistemas em aquário ao ar livre para examinar a relação entre as algas filamentosas e a chamada crina marinha. Os matagais de crina marinha são locais de reprodução do bacalhau, uma espécie ameaçada pela pesca excessiva.

Com a presença de menos bacalhaus, há uma proliferação de peixes pequenos predatórios que reduzem as populações de Grammarus locusta, um crustáceo herbívoro que come algas filamentosas. A proliferação destas algas sufoca a crina marinha. Este efeito cascata é um fenômeno cada vez mais comum, na medida em que predadores ficam perto da extinção por causa da caça e da pesca excessivas.

Ao reduzir populações capazes de controlar a proliferação de plantas que se beneficiam com o aumento do calor, isso acaba agravando o efeito estufa.

A conclusão da pesquisa é clara: é a diversidade de algas herbívoras que determina em que medida o ecossistema é afetado pelo aquecimento global e pela acidificação dos mares.

"Com uma biodiversidade elevada, nem o aquecimento nem a acidificação tem efeito real porque as algas filamentosas são comidas antes que possam crescer suficientemente para sufocar a crina marinha",  declarou o chefe da equipe da Universidade de Gotemburgo.

O temor dos cientistas é que a perda de biodiversidade enfraqueça ainda mais ecossistemas frágeis e ameaçados. Eklöf acredita que ainda há tempo, se a sociedade tomar as medidas necessárias: "Se protegermos a biodiversidade local que ainda temos e recuperarmos parte da que perdemos, por exemplo, protegendo os estoques de peixes ameaçados nas zonas costeiras, provavelmente seremos capazes de aumentar a resiliência dos ecossistemas à mudança do clima".

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