segunda-feira, 9 de março de 2020

Petróleo cai 30% e arrasta bolsas da Ásia

Depois que Rússia e Arábia Saudita, em nome da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), não chegaram a um acordo na sexta-feira para reduzir a produção em 1,5 milhão de barris por dia, os preços do petróleo desabaram nesta segunda-feira. 

Por trás da forte queda, que arrastou bolsas de valores, estão a baixa no consumo com o impacto econômico da epidemia do novo coronavírus e uma guerra de preços deflagrada pela Arábia Saudita, maior exportador mundial.

O barril de petróleo do tipo Brent, do Mar do Norte, padrão de referência da Bolsa de Mercadoria de Londres, caiu 29,69% para US$ 31,83, enquanto o West Texas Intermediate (WTI), do Golfo do México, padrão do mercado americano, perdeu 32,19% e vale agora US$ 27,99.

É a maior queda num dia desde o início da Guerra do Golfo de 1991. No link, você acompanha as variações de preço.

Com o fracasso das exportações entre os grandes exportadores, a Arábia Saudita deflagrou uma guerra de preços, prometendo aumentar a produção e a oferta num momento de expectativa de forte queda da demanda.

Alguns analistas preveem uma queda nos preços do barril para US$ 20. Nesta faixa, a extração de óleo de xisto betuminoso, que tornou os EUA de novo no maior produtor mundial de energia, se torna economicamente difícil, se não inviável.

O rendimento dos títulos da dívida pública do Tesouro dos EUA com dez anos de prazo caiu abaixo de 0,5%, um recorde de baixa. O título de 30 anos rende menos de 1%, outro recorde de baixa. Os títulos da dívida americana são um dos instrumentos preferidos para investidores e fundos de pensão se protegerem em momentos de crise, na chamada fuga para a qualidade.

Na Ásia, a Bolsa de Valores de Tóquio cai 5% diante do temor cada vez dos investidores de recessão no Japão, enquanto a Bolsa de Hong Kong opera em baixa de 3,64%. Na China continental, Xangai e Xenzen perdem mais de 2%.

À medida que o vírus se propaga pelo mundo - e hoje já está na metade dos países -, a demanda por produtos chineses diminui. Já são mais de 110 mil casos no mundo inteiro, com 3.870 mortes e 99% dos novos casos anunciados hoje são fora da China. A Itália, segundo país com maior número de mortes, 366, colocou 16 milhões de pessoas em quarentena.

Em janeiro e fevereiro, a China registrou o primeiro déficit comercial em oito anos. As exportações caíram 17% em fevereiro na comparação anual para US$ 292,45 bilhões. As importações recuaram 4% para US$ 299 bilhões.

Vários economistas esperam uma contração na economia da China no primeiro trimestre de 2020, o que não acontece desde a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), que terminou com a morte do Grande Timoneiro Mao Tsé-tung, antes das reformas de Deng Xiaoping, que transformaram o país na segunda maior economia do mundo.

A crise econômica do coronavírus é muito grave porque é uma crise de oferta e de demanda. A produção cai porque as empresas param de trabalhar e faltam suprimentos em várias cadeias produtivas. Então cai a oferta.

Ao mesmo tempo, as pessoas estão ficando em casa. Andam menos de automóvel. Não vão ao cinema ao teatro ou outras diversões públicas. Evitam bares, restaurantes e casas noturnas onde estarão perto de estranhos. Só as companhias aéreas estimam que terão perdas de US$ 113 bilhões

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