Até alguns minutos antes da meia-noite, os bombardeios continuaram na província de Idlibe, no Noroeste da Síria. À zero hora de 6 de março pela hora local (19h em Brasília), entrou em vigor um cessar-fogo negociado entre a Rússia e a Turquia.
Para o ditador russo, Vladimir Putin, o texto "servirá de base sólida para levar ao fim dos combates na região de Idlibe". Pelo acordo, os dois países signatários se comprometem a criar uma zona de segurança de seis quilômetros para cada lado da rodovia Damasco-Alepo (M4). A estrada que liga as duas maiores cidades sírias passa por Idlibe.
Ao todo, seria um corredor de segurança de 12 km ao longo da estrada. A Rússia e a Turquia ficaram de acertar os detalhes dentro de uma semana. O ditador turco, Recep Tayyip Erdogan, preveniu que seu país se reserva "o direito de responder com todas as nossas forças e em toda parte a qualquer ataque do regime de Damasco."
Na esperança de que este acordo "leve a uma cessação das hostilidades imediata e durável", o secretário-geral das Nações Unidas, o ex-primeiro-ministro português António Guterres destacou que a população do Noroeste da Síria já "suportou um sofrimento enorme".
Depois de meses de um conflito brutal, um milhão de civis fugiram de Idlibe. A próxima etapa da iniciativa de paz é uma reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira em Nova York. Mas a expectativa é que a ditadura de Bachar Assad, apoiada pela Rússia e o Irã, retome a ofensiva para conquistar o último bastião rebelde depois de nove anos de guerra civil, que se completam neste mês.
Ao concordar com o cessar-fogo, a Turquia parece disposta a entregar o significativo território ainda em poder dos rebeldes que apoia, extremistas muçulmanos ligados à rede terrorista Al Caeda, em troca de um fim rápido dos combates.
Assim, a Turquia abre caminho para a próxima ofensiva do regime sírio sem nenhuma preocupação sobre a situação dos civis em fuga na região, reduzindo sua esfera de influência na Síria.
Sob o aspecto militar, o corredor de segurança reduz drasticamente a capacidade dos rebeldes de defender a cidade de Idlibe. A cidade rebelde de Jisr al-Shughour fica toda dentro do corredor.
Mesmo sendo questionável militarmente, o acordo é uma vitória diplomática para a Turquia, que melhora suas relações com a Rússia, a potência dominante hoje na Síria, no momento em que abre uma nova crise com a Europa ao permitir a saída de refugiados que querem entrar na União Europeia.
Pelo menos 380 mil pessoas foram mortas em nove anos de guerra civil na Síria e 5,5 milhões fugiram do país. Outras 13,5 milhões tiveram de sair de casa mas ficaram na Síria.
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