Já enfrenta problemas o acordo dos Estados Unidos com a milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã (Estudantes) para a retirada das forças americanas do Afeganistão, assinado ontem. O presidente afegão, Achraf Ghani Ahmadzai, rejeita a libertação de 5 mil mil inimigos presos.
"O governo do Afeganistão não se comprometeu a libertar 5 mil prisioneiros dos Talebã. O presidente Donald Trump não me pediu isso. Esta é uma decisão soberana do Afeganistão que só será tomada dentro de um amplo acordo de paz", declarou Ghani em pronunciamento na televisão.
A segunda etapa do acordo é uma negociação direta entre o regime instalado depois da invasão americana iniciada em 7 de outubro de 2001 em resposta aos atentados de 11 de setembro, perpetrados pela rede terrorista Al Caeda, que tinha suas principais bases no Afeganistão, sob a proteção do governo dos Talebã.
Em três semanas, os EUA derrubaram o regime dos Talebã. Depois da fuga de Ossama ben Laden e da cúpula d'al Caeda na Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, o então presidente americano George W. Bush citou um suposto "eixo do mal" no Discurso sobre o Estado da União de 2002 e concentrou recursos na invasão do Iraque, em março de 2003.
Com a perda de importância, a Guerra do Afeganistão ficou em segundo plano, o que permitiu a reorganização dos Talebã. O governo-fantoche imposto pelos EUA nunca controlou todo o território afegão e nem mesmo a capital, Cabul, alvo de inúmeros atentados terroristas.
Hoje a Guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA. Desde 2001, cerca de 157 mil pessoas morreram nesta guerra, sendo 43 mil civis e quase 3,5 mil soldados das forças internacionais, sendo 2.440 americanos.
Tudo aponta para uma situação semelhante à do Vietnã, onde o governo-fantoche instalado por Washington no Vietnã do Sul caiu em 30 de abril de 1975, dois anos depois do acordo de paz que levou à retirada dos soldados americanos.
Em troca da retirada americana, os Talebã devem se comprometer a não abrigar mais grupos terroristas como Al Caeda e o Estado Islâmico. Dada a identidade ideológica entre eles, é promessa difícil de cumprir.
Vinte e dois senadores republicanos e democratas enviaram carta aos secretários da Defesa, Mark Esper, e de Estado, Mike Pompeo, advertindo que "os talebã não são de fato parceiros na luta contra o terrorismo, e imaginar que sejam é ignorar sua longa história de ações e missões jihadistas. Eles nunca denunciaram Al Caeda, não entregaram os líderes d'al Caeda vivendo sob sua proteção, nem pediram desculpas por abrigar os terroristas que realizaram os ataques de 11 de setembro."
No século 19, o Afeganistão expulsou o Império Britânico, que perdeu 4,5 mil homens no país, conhecido como cemitério de impérios. A União Soviética invadiu em 1979 e saiu em 1989 depois da morte de 25 mil soldados. Chegou a vez dos EUA.
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