A exemplo da Itália, a Espanha decretou estado de alerta e entrou hoje numa quarentena quase total para combater o coronavírus. Durante 15 dias, os 47 milhões de habitantes do país só vão poder sair de casa por razões de absoluta necessidade como trabalhar e comprar remédios, alimentos e produtos essenciais, informa o jornal espanhol El País.
O primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez anunciou as medidas no início da noite deste sábado depois que a Espanha se tornou o segundo país da Europa com maior número de casos, depois da Itália. São 6.391, com 195 mortes e 517 curas, de acordo com Mapa do Coronavírus da Universidade Johns Hopkins. A mulher de Sánchez contraiu o vírus.
"A proibição de circular pelas ruas é obrigatória a partir de hoje", ordenou o primeiro-ministro em pronunciamento na televisão. Todas as atividades externas não essenciais estão proibidas. Para não paralisar totalmente a economia, os espanhóis podem sair para trabalhar, inclusive de carro e de avião.
Durou sete horas a reunião do Conselho de Ministros do regime parlamentarista espanhol, sob a presidência de Sánchez. Foi uma das mais longas da história. O primeiro-ministro precisou de mais de três horas de preparação para explicar as medidas ao povo espanhol.
Sánchez entrou no ar depois das nove da noite pelo horário espanhol (17h em Brasília), sete horas depois do previsto, no fim de um dia de intensas especulações em que o exame da mulher de Sánchez, Begoña Gómez, deu positivo para o coronavírus.
"Unicamente poderão circular pelas vias de uso público para a realização das seguintes atividades: aquisição de alimentos, produtos farmacêuticos e de primeira necessidade. Ida a centros de saúde. Deslocamento ao local de trabalho para prestação de serviços profissionais ou empresariais. Retorno ao local de residência habitual. Assistência e cuidado a idosos, menores, dependentes, pessoas com deficiência ou extremamente vulneráveis. Deslocamento até instituições financeiras. Por motivo de força maior ou situação de necessidade", detalhou o primeiro-ministro.
"Suspende-se a abertura ao público de lojas varejistas, com a exceção dos estabelecimentos comerciais de alimentação, bebidas, produtos e bens de primeira necessidade, estabelecimentos farmacêuticos, médicos, óticas, lojas de produtos ortopédicos e de produtos de higiene, cabeleireiros, papelaria e impressos, combustível automotivo, equipamentos tecnológicos e de telecomunicações, alimentos para animais domésticos, comércio eletrônico e telefônico, correios e lavanderias", acrescentou Sánchez.
Os transportes públicos vão oferecer 50% menos viagens. As igrejas continuam abertas, com a recomendação de não permitir a aglomeração de pessoas. Todas as outras atividades estão suspensas. O governo poderá intervir no mercado e em empresas para garantir o abastecimento de itens essenciais que estejam escassos.
Em tom épico, falando em humildade e confiança, o chefe de governo convocou o povo espanhol, os empresários e as Forças Armadas para a guerra contra a pandemia: "Usaremos todos os recursos a nosso alcance para combater a curva do contágio. É importante não nos enganarmos de inimigo, é o vírus e todos devemos combatê-lo juntos. As medidas que vamos adotar são drásticas e terão consequências."
Nesta guerra, apesar das autonomias regionais, o comando será centralizado em Madri: "Todas as polícias estarão sob as ordens diretas do ministro do Interior. Disporemos da ação das Forças Armadas. O Exército já está preparado", acrescentou o primeiro-ministro.
Há dias, havia rumores de que o governo fecharia Madri. A decisão foi parar o país inteiro.
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