O Departamento da Justiça dos Estados Unidos denunciou hoje o ditador Nicolás Maduro e mais de dez altos funcionários da Venezuela por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro - e ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões de dólares, mais de R$ 75 milhões, por informações que levem à sua captura.
As acusações, apresentadas em tribunais de Nova York, da Flórida e de Washington, são resultado de uma década de investigações. Maduro e os demais denunciados são acusados de agir em coordenação com guerrilheiros colombianos para enviar toneladas de cocaína para os EUA nos últimos 20 anos.
Em entrevista coletiva em Washington, o procurador-geral e secretário da Justiça do governo Donald Trump, William Barr, descreveu o regime chavista da Venezuela como "empestado pela criminalidade e a corrupção", dominado por "um sistema construído e controlado para enriquecer quem está nos altos escalões do governo".
O presidente da Corte Suprema da Venezuela, Maikel José Moreno, foi denunciado por receber milhões de dólares de propina e de gastar o dinheiro com artigos de luxo de propriedades na Flórida.
Maduro preside a um governo catastrófico, com uma depressão econômica que reduziu o produto interno bruto venezuelano à metade desde a morte do caudilho Hugo Chávez, em março de de 2013.
A Venezuela enfrenta uma hiperinflação superior a um milhão por cento ao ano e desabastecimento generalizado. Como muitos hospitais não nem água e fornecimento regular de energia elétrica, o impacto da pandemia do coronavírus deve ser catastrófico.
Em janeiro do ano passado, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, declarou a nulidade do novo mandato de Maduro, reeleito com fraude, e empossou seu presidente, Juan Guaidó, como presidente interino.
Mais de 50 países, inclusive os EUA, o Brasil e a maioria da União Europeia, reconhecem Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela, mas sua tentativa de estimular um golpe militar fracassou.
Com o apoio da cúpula das Forças Armadas, envolvidas nos crimes do regime, Maduro continua no poder e dificilmente será levado à Justiça dos EUA. A denúncia é mais uma tentativa de forçar sua queda. Talvez o vírus seja mais eficiente.
Há um precedente. Em 1988, dois tribunais do júri de Miami e Tampa, na Flórida, denunciaram o então ditador do Panamá, general Manuel Antonio Noriega, por extorsão, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Os EUA invadiram o Panamá em dezembro de 1989. Noriega foi preso e levado para julgamento nos EUA. Condenado a 40 anos de prisão, Noriega teve a pena reduzida para 17 anos por bom comportamento na cadeia.
Em 2010, o ex-ditador foi extraditado para a França, onde pegou 7 anos de prisão por lavagem de dinheiro. No ano seguinte, foi extraditado para o Panamá, onde morreu em 2017 de um tumor cerebral.
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