quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Parlamento Britânico proíbe saída da UE sem acordo

Em mais uma derrota humilhante para o primeiro-ministro Boris Johnson, por 329 a 300, a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico aprovou há pouco um projeto para proibir a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo e pediu uma prorrogação de três meses além da atual data prevista para a Brexit (saída britânica), 31 de outubro. 

Na segunda votação, o projeto recebeu 327 a 199 votos. Agora, segue para a Câmara dos Lordes, onde aliados do governo apresentaram mais de 100 emendas para atrasar a tramitação da proposta, que Johnson chamou de "lei da rendição".

O primeiro-ministro alegou que precisa da opção de uma saída sem acordo para pressionar a UE a fazer mais concessões e revelou a intenção de convocar eleições gerais para 15 de outubro. Se vencer, poderá levar adiante seu plano de deixar o bloco europeu sem acordo. O Conselho Europeu, formado pelos líderes dos países da UE, examina a questão em 17 de outubro.

Para convocar eleições, Johnson precisa do apoio de dois terços da Câmara, que não tem. O Partido Liberal-Democrata, maior defensor da permanência na UE, não vai apoiar a antecipação das eleições, que o primeiro-ministro vai apresentar como um duelo entre o povo e o Parlamento Britânico.

O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, um radical de esquerda favorito para vencer as eleições, negou estar boicotando as negociações com a UE "porque não há negociações" em andamento. A UE se nega a renegociar o acordo feito com a ex-primeira-ministra Theresa May, rejeitado três vezes na Câmara dos Comuns.

Corbyn acusou Johnson de liderar "um governo sem mandato, sem planos e sem maioria" no Parlamento. Depois da derrota de ontem, quando a Câmara assumiu o controle da agenda legislativa, o primeiro-ministro expulsou 21 membros do Partido Conservador.

Sua aposta é mobilizar o eleitorado a favor da saída da UE. Com este objetivo, divide ainda mais o partido, abandonando a proposta de um conservadorismo inclusivo e aberto a todos para criar um partido sectário de ultradireita, e rachou o país.

Se o Reino Unido deixar a UE, a Escócia, onde 62% votaram para ficar, deve convocar um novo plebiscito sobre a independência para deixar o país e ficar no bloco europeu.

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