O primeiro-ministro liberal Justin Trudeau dissolveu hoje o Parlamento do Canadá e convocou eleições gerais para 21 de outubro. As pesquisas indicam uma disputa apertada entre liberais e conservadores.
A liderança de Trudeau foi abalada por um relatório do comissário de ética, Mario Dion, que acusou o primeiro-ministro de violar a ética e de conflito de interesses ao pressionar o Ministério Público no processo sobre o escândalo de corrupção SNC-Lavalin.
Se o Partido Conservador voltar ao poder, é provável que tente melhorar as relações com a Arábia Saudita e se alie aos Estados Unidos para enfrentar a China. Mas há o risco de eleição de um Parlamento dividido e a formação de um governo instável que pode não chegar ao fim do mandato.
A Arábia Saudita reagiu furiosamente a críticas da vice-primeira-ministra e ministra do Exterior canadense, Chrystia Freeland, ao desrespeito aos direitos humanos no reino. Ela defendia Ensaf Haidar, mulher do blogueiro Raif Badawi, preso por ser liberal politicamente num reino medieval.
"Ensaf é cidadã canadense", declarou a ministra na época, em agosto de 2018. "Ela e sua família merecem atenção especial do governo canadense."
Por ordem do príncipe-herdeiro e homem-forte da monarquia absolutista saudita, Mohamed ben Salman, todo o comércio bilateral foi rompido e cerca de 16 mil sauditas que estudavam no Canadá saíram do país.
Com a China, a questão é outra. A pedido dos Estados Unidos, o Canadá prendeu em 1º de dezembro do ano passado Meng Wanzhou, diretora financeira e filha do fundador da maior empresa privada da China, Huawei, maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações.
Em 28 de janeiro de 2019, o Departamento da Justiça dos EUA a denunciou por fraude financeira ao violar as sanções econômicas impostas pelo governo Donald Trump ao Irã. A China retaliou mais o Canadá, prendendo dois empresários canadenses, do que os EUA. Está em guerra comercial com os EUA e a Huawei pode ser objeto de barganha.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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