O ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz ben Salman, declarou ontem que a companhia estatal Saudi Aramco retomou a metade da produção perdida com o ataque de 14 de setembro à maior refinaria do mundo e ao segundo maior campo de exploração petróleo do país.
A produção deve voltar ao normal até o fim do mês. Mas o bombardeio revelou a fragilidade da grande região produtora de petróleo do Leste da Arábia Saudita, que está sujeita a novos ataques. Seria um alvo de retaliação se os Estados Unidos bombardearem o Irã em represália.
Ontem, a refinaria de Abkaik processou 2 milhões de barris, anunciou o diretor-geral da Saudi Aramco, Amin Nasser. Antes do ataque, eram 4,9 milhões de barris por dia. Abkaik tem uma capacidade máxima de refinar até 13 milhões de barris por dia. Como só cinco das 18 torres foram danificadas pelo ataque, o volume de exportações deve ser mantido.
O príncipe Abdulaziz acrescentou que o país pretende aumentar a produção para 11 milhões de barris por dia até o fim de setembro e para 12 milhões por dia até o fim de novembro.
Enquanto as instalações petrolíferas atingidas estiverem sendo reparadas, o governo saudita vai usar seus estoques estratégicos para cumprir os contratos de exportação e manter a estabilidade do mercado, já que responde por 10% da produção mundial.
O barril de petróleo do tipo Brent, padrão do mercado londrino, caiu 6,5% para US$ 64,55 e o West Texas Intermediate, do Golfo do México, baixou 5,7% para US$ 59,34, maiores quedas em um mês e meio.
Como aumentaram a tensão com o Irã aumentou e o risco de um bombardeio americano em retaliação à alegada responsabilidade da República Islâmica ou seus aliados pela ataque, o risco de mais ataques à indústria saudita de gás e petróleo não pode ser descartada.
A relutância saudita em acusar diretamente o Irã, limitando-se a dizer que as armas eram de fabricação iraniana, indicam uma intenção de não escalar o conflito por medo de novos ataques à sua maior riqueza.
No primeiro momento, o bombardeio reduziu a produção de petróleo saudita, que estava em 9,8 milhões de barris por dia, em 5,7 milhões de barris. Novos ataques poderiam ser ainda mais arrasadores.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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