Em situação difícil às vésperas das eleições de 17 de setembro em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu hoje anexar o Vale do Rio Jordão e todos os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, noticiou hoje o jornal The Times of Israel. É quase um terço do território.
Depois de vários escândalos de corrupção, com quatro processos em andamento, Netanyahu e seu partido Likud estão em empate técnico ou atrás, em algumas pesquisa, do partido Azul e Branco, liderado por Benny Gantz, comandante-em-chefe das Forças de Defesa de Israel de 2011 a 2015.
A oposição propõe limitar o número de mandatos do primeiro-ministro, proibir políticos denunciados de servir na Knesset, o Parlamento de Israel, mudar a lei que considera não judeus cidadãos de segunda classe, investir no ensino básico e na saúde pública, e reiniciar as negociações de paz com a Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Antes das eleições de 9 de abril, que Netanyahu venceu, mas não conseguiu formar um governo, o presidente Donald Trump reconheceu a soberania de Israel sobre as Colinas do Golã, ocupadas da Síria na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexadas em 1981. Abriu um precedente para os Estados Unidos reconhecerem anexações de território, numa violação da Carta das Nações Unidas, que proíbe a guerra de conquista.
Na mesma guerra, Israel também ocupou a Península do Sinai, devolvida ao Egito pelo acordo de paz de Camp David, em 1979, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, inclusive o setor oriental (árabe) de Jerusalém. Israel se retirou da Faixa de Gaza em agosto de 2005.
Historicamente o Likud prolongou as negociações de paz com os palestinos para tornar a ocupação da Cisjordânia um fato consumado. As colônias ocupam locais estratégicos. Hoje o projeto da direita israelense é anexar a Cisjordânia.
Ao anexar as colônias, Netanyahu inviabilizaria a criação de um Estado nacional para o povo palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. É a receita para uma guerra sem fim. É uma jogada política para fidelizar suas bases eleitorais, construir uma coalizão majoritária na Knesset e escapar da prisão.
Com base nos acordos de Oslo, a Cisjordânia está dividida em áreas A, administradas pela Autoridade Nacional Palestina; áreas B, onde a administração é dividida; e áreas C, controladas por Israel, onde estão as colônias israelenses. O Vale do Rio Jordão é uma região fértil onde vivem 50 mil palestinos e 11 mil israelenses.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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