O Irã insiste em negar qualquer responsabilidade pelo ataque contra instalações petroleiras sauditas no sábado passado. Se os Estados Unidos ou a Arábia Saudita atacarem o país, haverá uma "guerra total", advertiu hoje o ministro do Exterior iraniano, Mohamed Javad Zarif. Mas o país quer o fim das sanções econômicas, não uma guerra que ameaçaria a ditadura dos aiatolás.
"Não queremos a guerra, não queremos nos engajar num conflito armado", declarou o chanceler iraniano, falando em "grande número de baixas", "mas não vamos pestanejar em defender nosso território."
Zarif afirmou que o ataque foi feito pelos rebeldes hutis na luta contra a intervenção militar saudita na guerra civil do Iêmen. Os governos americanos e sauditas não acreditam que os hutis bombardeassem o petróleo saudita sem autorização do Irã.
Como o presidente Donald Trump também não quer uma guerra a um ano da reeleição, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, convidou a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos para patrulhar o Golfo Pérsico e garantir a navegação dos navios petroleiros.
Desde maio, quando fez um ano que Trump abandonou acordo nuclear das grandes potências do Conselho de Segurança das Nações e a Alemanha com o Irã para congelar o programa nuclear iraniano, a Guarda Revolucionária Iraniana atacou vários navios-tanque no Golfo Pérsico.
A República Islâmica tenta desesperadamente se livrar das sanções impostas pelos EUA, que tentam impedir o país de exportar petróleo, sua maior riqueza. O objetivo de Trump é negociar um novo tratado que, além das armas nucleares, também proíba o Irã de desenvolver mísseis de médio e longo alcances e de interferir política e militarmente em outros países do Oriente Médio.
Por sua vez, o Irã exige o fim pelo menos parcial das sanções econômicas como precondição para retomar o diálogo. O presidente da França, Emmanuel Macron, propôs a abertura de uma linha de crédito de US$ 15 bilhões para aliviar a pressão sobre a economia iraniana.
Havia até a possibilidade de um encontro entre os presidentes Trump e Hassan Rouhani em Nova York na próxima semana, durante a reunião anual da Assembleia Geral da ONU. O ataque à Arábia Saudita bombardeou o encontro, vetado pelo Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, o ditador do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
Os EUA e a Arábia Saudita temem novos ataques à indústria do petróleo, o que poderia abalar ainda mais o mercado internacional e provocar uma recessão mundial. O Irã ameaça, mas quer mesmo se livrar das sanções. Só negociações podem resolver o problema.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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