segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Candidatos independentes vão para o segundo turno na Tunísia

Dois candidatos "antissistema", o professor universitário independente Kaïs Saïed e o empresário e publicitário preso Nabil Karoui devem disputar o segundo turno da eleição para presidente da Tunísia. De acordo com pesquisas de boca de urna de institutos locais, eles foram os mais votados no primeiro turno, realizado ontem, noticiou o jornal francês Le Monde.

Sete milhões de eleitores foram às urnas no domingo, na segunda eleição presidencial livre na Tunísia depois da Revolução de Jasmin, que derrubou o ditador Zine Ben Ali em fevereiro de 2011. É a única democracia que nasceu da chamada Primavera Árabe.

O resultado oficial será conhecido na terça-feira. As sondagens indicam descontentamento com a classe política e a derrota dos partidos que dominaram a política tunisiana desde a revolução.

As pesquisas dão 19% a Saïed e 15% a Karoui. O candidato do partido islamista Nahda, Abdelfattah Mourou, é o terceiro com 11%. O primeiro-ministro Youssef Chahed está em quarto com 8%. O comparecimento às urnas foi de 45%. Se estes números forem confirmados, será mais uma rebelião de eleitores contra a política tradicional.

Saïed, de 61 anos, é professor de direito constitucional na Universidade de Túnis. Foi diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Sousse e secretário-geral e vice-presidente da Associação Tunisiana de Direito Constitucional.

Na campanha, Saïed tentou captar o voto dos jovens. Prometeu introduzir o referendo revogatório para os eleitores possam tirar os mandatos de políticos que não os representem como esperado.

Aos 56 anos, Karoui é um dos reis da publicidade na Tunísia, diretor-presidente do grupo Karoui & Karoui World, com filiais no Marrocos, na Mauritânia, na na Líbia, no Sudão e na Arábia Saudita, e da rede de televisão Nessma.

Quando começou a revolta popular contra Ben Ali, em 30 de dezembro de 2010, Karoui abriu seus canais de televisão ao debate político. A partir da revolução seu jornalismo se tornou referências. As TVs atraíram a ira dos salafistas, os fundamentalistas muçulmanos sunitas que querem viver como no tempo de Maomé.

Em 2016, Nabil e o irmão Ghazi foram acusados de lavagem de dinheiro. Eles foram denunciados criminalmente em 8 de julho. Tiveram os bens congelados e foram proibidos de sair do país.

O candidato foi preso em 23 de agosto, a pedido da procuradoria do Tribunal de Recursos de Túnis. Seu partido No Coração da Tunísia chamou a medida de "fascista", de um "sequestro" realizado por uma "milícia governamental".

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