domingo, 21 de maio de 2017

Trump propõe a muçulmanos aliança para combater o terrorismo

Em discurso na Arábia Saudita em sua primeira viagem ao exterior como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump fez hoje um apelo aos países muçulmanos para que formem uma nova "coalizão" para combater o jihadismo dos extremistas islâmicos.

Depois de fazer duras acusações ao Islã como um todo durante a campanha eleitoral e de tentar proibir a entrada nos EUA de cidadãos de sete países muçulmanos, proibição rejeitada na Justiça, Trump adotou um tom mais moderado e conciliador.

"Não estamos aqui para dar lições. Não estamos aqui para dizer a outros povos como viver, o que fazer ou como praticar sua fé. Estamos aqui para oferecer uma parceria baseada em interesses e valores comuns", declarou Trump, diante dos líderes de mais de 50 países de maioria muçulmana.

O presidente americano descreveu o desafio como uma luta entre "o bem e o mal" e não um conflito religioso, afirmando que 95% das vítimas do terrorismo são muçulmanos: "Os terroristas não louvam a Deus; louvam a morte."

"Se não nos erguermos numa condenação uniforme a esta matança, seremos julgados não apenas pelo nosso povo, não apenas pela história, mas seremos julgados por Deus", desafiou Trump. "Heróis não matam inocentes, os salvam."

Assim, prosseguiu o presidente dos EUA, combater o terrorismo é de interesse imediato dos países do Oriente Médio: "Um futuro melhor só é possível se nossas nações expulsarem os terroristas e os extremistas. Expulsem-nos. Expulsem dos lugares de oração, de sua terra sagrada e da face da Terra."

Trump evitou a expressão "terrorismo radical islâmico". Durante a campanha, ele acusou repetidamente o presidente Barack Obama e sua adversária, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, de não falarem a expressão por não a considerarem politicamente correta.

Na luta para ser eleito, Trump chegou a dizer: "O Islã nos odeia". Também falou que é impossível distinguir entre seguidores pacíficos e violentos da religião muçulmana.

Suas críticas hoje se dirigiram principalmente ao Irã, que não é um país árabe, é persa, tem maioria xiita e é o maior adversário da Arábia Saudita na disputa pela liderança regional no Oriente Médio: "Durante décadas, o Irã alimentou as chamas do conflito sectário e do terror", acusou Trump.

"Enquanto o regime iraniano não quiser ser um parceiro para a paz, todas as nações com consciência devem trabalhar juntas para isolar o Irã, negar fundos para o terrorismo e rezar pelo dia em que o povo iraniano tiver o governo justo e correto que merece", exortou o presidente.

Ao contrário de Obama, Trump não criticou a falta de democracia e o desrespeito aos direitos humanos no mundo árabe. Em troca, exaltou o Oriente Médio, "rico em belezas naturais, culturas vibrantes e quantidades maciças de tesouros históricos. Deve cada vez mais se tornar um dos grandes centros globais de comércio e oportunidades."

O presidente dos EUA assinou contratos para a venda de armas à Arábia Saudita no valor de US$ 110 bilhões. É a maior venda de armas ao exterior da história dos EUA. Ao todo, a visita a Riade envolve negócios estimados em US$ 380 bilhões.

Ainda hoje, Trump visita o recém-criado Centro Global para Combate a Ideologias Extremistas. A Arábia Saudita é a pátria do wahabismo, a corrente ultrapuritana do Islã que é a base ideológica do salafismo jihadista, seguido por fanáticos que sonham em recriar o mundo no modelo da Arábia no século 7, a época do profeta Maomé, como a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Amanhã, Trump segue para Israel, onde deve visitar Jerusalém e Telavive. Na terça-feira, vai à Cisjordânia encontrar o presidente da Autoridade Nacional Palestina, em seu esforço para reiniciar as negociações de paz árabe-israelenses, à Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, construída no local onde Jesus Cristo foi enterrado, e ao Muro das Lamentações, a única parede que resta do Templo de Jerusalém, destruído pelos romanos no ano 70 depois de Cristo.

O papa Francisco recebe Trump no Vaticano na quarta-feira. No mesmo dia, o presidente segue para Bruxelas, na Bélgica, onde na quinta-feira se encontra com dirigentes da União Europeia e participa de uma reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA.

De volta à Itália, Trump participa na sexta-feira e no sábado de uma reunião do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), as maiores potências industriais capitalistas liberais.

Nenhum comentário: