O presidente Donald Trump aprovou planos para armar os guerrilheiros curdos da principal força terrestre que combate a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante na Síria. A decisão irrita a Turquia, que tem uma grande minoria curda e teme a criação de um Curdistão independente.
É a preparação da ofensiva para retomar Rakka, a capital do Estado Islâmico. A guerrilha curda YPG (Unidades de Proteção do Povo) é um grupo marxista-leninista ligado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que durante décadas travou uma luta armada contra o governo turco. Forma o núcleo das Forças Democráticas Sírias, que também têm árabes, a principal força terrestre aliada dos Estados Unidos.
Com a guinada autoritária do presidente Recep Tayyip Erdogan depois do fracassado golpe de Estado de 15 de julho e da negativa dos EUA de extraditar o clérigo Fetullah Gullen, que Erdogan culpa pelo golpe, a Turquia se aproximou da Rússia e do Irã.
Esses três países propõem a criação de zonas de segurança livres de combates, onde seriam assentados os refugiados sírios, mas o regime sírio se nega a ceder o controle e a Rússia se reserva o direito de continuar atacando o que chama de "grupos terroristas".
A guerra civil do PKK começou em 1984. Em 2013, o grupo declarou um cessar-fogo para negociar com o governo turco. Depois de perder a maioria absoluta na Assembleia Nacional nas eleições de 7 de junho de 2015, Erdogan decidiu reiniciar a guerra civil para recuperar o controle do parlamento.
Desde a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003, os curdos do Iraque têm autonomia regional. Se os curdos dominarem o Norte da Síria e o unirem ao Curdistão iraquiano, a Turquia teme a reivindicação de soberania sobre a região Sudeste do país, onde 90% da população são curdos.
A população curda é estimada hoje em 35 milhões de habitantes, dos quais 14,5 milhões estão na Turquia, 6 milhões no Iraque, 6 milhões no Irã e pouco menos de 2 milhões na Síria.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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