Mais um ingrediente veio apimentar hoje o terremoto político causado em Washington pela demissão do diretor-geral do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, James Comey, chefiava a investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial do ano passado. O presidente Donald Trump ameaçou Trump via Twitter, com medo de que as conversas entre os dois tenham sido gravadas.
A imprensa americana revelou ontem que num jantar entre os dois Trump cobrou "lealdade" do então diretor do FBI. Comey teria prometido "honestidade". A hipótese de que a conversa tenha sido gravada foi levantada hoje pelo presidente e aguçou a memória sobre grandes crises presidenciais em Washington.
O golpe definitivo no presidente Richard Nixon, que renunciou em 1974 para escapar de um processo de impeachment pela invasão da sede do Partido Democrata durante a campanha eleitoral de 1972, foi uma decisão da Suprema Corte obrigando-o a entregar à Justiça as fitas com as gravações da Casa Branca.
Se por acaso Trump instalou algum sistema de gravação na Casa Branca, a jurisprudência é que pertencem ao Estado e não ao presidente.
Desde a demissão de Comey, o governo Trump mudou várias vezes a versão oficial sobre a demissão do diretor do FBI. Primeiro, teria agido com base num memorando do subprocurador-geral Rod Rosenstein.
Ele se prestou a fazer um documento acusando Comey de erros na condução do inquérito sobre o uso de correio eletrônico privado pela então secretária de Estado Hillary Clinton, no primeiro governo Barack Obama.
Sob intensa pressão por ter demitido um diretor do FBI que o investigava, Trump afirmou ontem em entrevista à televisão que a decisão dele foi anterior ao memorando do subprocurador.
Diante da tamanha confusão, a oposição democrata exige a nomeação de um procurador independente para investigar as relações entre a campanha de Trump e a Rússia. Dentro do próprio Partido Republicano, nomes respeitados como o senador John McCain defendem a formação de uma comissão especial do Congresso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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