Com mais de 70% dos votos na eleição primária do último domingo, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi recuperou a liderança do Partido Democrático, de centro-esquerda, e vai disputar o direito de formar o novo governo da Itália nas próximas eleições parlamentares, que precisam ser realizadas até 20 de maio de 2018.
Renzi deixou o cargo em dezembro de 2016, depois de perder um referendo sobre reformas constitucionais. Tinha chegado lá numa disputa interna do partido, sem o aval do voto popular em eleições legislativas. Agora, vai em busca desta legitimidade.
Na eleição primária do PD, Renzi venceu o ministro da Justiça, Andrea Orlando, e o governador regional da Apúlia, Michele Emiliano. Seu maior adversário nas eleições gerais será o Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo.
A decisão de convocar eleições é do primeiro-ministro Paolo Gentiloni e do presidente Sergio Mattarella. Gentiloni pode renunciar antes disso para abrir o caminho para Renzi. Seria mais uma vez sem eleições e Renzi sofreria o desgaste do poder.
Três fatores podem acelerar a convocação de eleições na Itália: a aprovação da lei do orçamento, a cotação eleitoral do PD nas pesquisas e a reforma na lei eleitoral.
Como a orçamento deve impor novos sacrifícios para equilibrar as contas públicas e reduzir a dívida, interessa ao partido do governo realizar eleições antes da aprovação do orçamento. Uma alternativa é Gentiloni aprovar o orçamento enquanto Renzi prepara o partido para a campanha.
No momento, o PD e o M5E estão tecnicamente empatados, mas Renzi tem opções de coalizão enquanto o populista Beppe Grillo é por natureza isolacionista. Também pesa contra o fracasso do M5E na Prefeitura de Roma.
A lei eleitoral italiana foi declarada inconstitucional em janeiro. O Congresso deve aprovar uma nova legislação no fim de maio ou início de junho. Aí, definidas as regras, começa a batalha eleitoral.
O Congresso da Itália é formado por uma Câmara com 630 deputados e um Senado com 315 cadeiras.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 2 de maio de 2017
Ex-primeiro-ministro Renzi volta a liderar centro-esquerda na Itália
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