A primeira-ministra britânica, Theresa May, decretou hoje estado de alerta máximo no Reino Unido, depois do atentado terrorista que matou 11 pessoas ontem em Manchester, na Inglaterra. Isso significa que as forças de segurança e os serviços secretos temem a realização de novos ataques.
O terrorista suicida se explodiu às 22h35 (18h35 em Brasília) de ontem, na saída de um show da cantora pop americana Ariana Grande. Ele foi identificado como Salman Abedi, de 22 anos, filho de imigrantes da Líbia nascido em Manchester.
Foi o pior atentado terrorista na Europa desde que um caminhão atropelou a multidão e matou 86 pessoas no feriado de 14 de julho, data nacional da França, na cidade de Nice. No Reino Unido, foi o pior desde os quatro ataques coordenados contra o sistema de transportes de Londres, com 52 mortes, em 7 de julho de 2005.
Pela natureza da bomba e do colete suicida, a Scotland Yard acredita que Abedi deve estar ligado a uma rede ou pelo menos a uma célula terrorista. Não teria agido sozinho como os chamados "lobos solitários", células terroristas de um homem só e portanto dificílimas de detectar.
A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou hoje a autoria do atentado, mas costuma cantar vitória sempre. Pode ter inspirado o ato sem ter relações operacionais com o homem-bomba.
Com uma população de 2,7 milhões de muçulmanos, na maioria descendentes de imigrantes de antigas colônias do Império Britânico, muitos dos quais se sentem marginalizados, o Reino Unido tem 23 mil suspeitos de ligações com o extremismo muçulmano. É gente demais para os serviços secretos vigiarem. Para vigiar uma pessoa durante 24 horas, são necessários 20 agentes.
Assim, novos atentados no Reino Unido e na Europa são inevitáveis. À medida que o Estado Islâmico é derrotado nos campos de batalha do Oriente Médio e vê o sonho de recriar o califado ser adiado, resta o terrorismo para mostrar que está vivo e manter a propaganda para atrair novos recrutas. A maioria dos atentados acontece no Oriente Médio, mas ações contra alvos ocidentais têm muito mais impacto.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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