Depois de uma grande luta interna entre as facções da Casa Branca, o presidente Donald Trump anuncia amanhã às 15 horas (16h em Brasília) a posição de seu governo sobre o Acordo de Paris sobre Mudança do Clima, de 2015. A expectativa é que retire os Estados Unidos do processo de combate ao aquecimento global, adiantou o jornal britânico Financial Times.
É uma promessa de campanha de Trump que agrada sua base eleitoral. A maioria do Partido Republicano rejeita a conclusão de mais de 90% dos cientistas de que a atividade industrial humana é responsável pelo aumento da temperatura média do planeta.
A decisão coloca os EUA na contramão da história e de um acordo histórico assinado por 195 países e ratificado por 147, o primeiro em que todos os países se comprometeram a tomar medidas (voluntárias) para conter a emissão de gases que agravam o efeito estufa e causam a mudança do clima.
Dentro do governo, o principal estrategista de Trump, Steve Bannon, e o diretor da Agência de Proteção Ambiental, Scott Pruitt, defenderam a retirada dos EUA do acordo do clima. O genro e assessor especial Jared Kushner, a filha e assessora Ivanka Trump e o secretário de Estado, Rex Tillerson, ex-diretor-presidente da companhia de petróleo Exxon, são contra.
Na semana passada, Trump foi pressionado pelos países do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) a não rejeitar o acordo. Sem sucesso. Durante comício no fim de semana, a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, desabafou, dizendo que a Europa não pode mais contar com o apoio dos EUA e do Reino Unido e deve "tomar seu destino em suas próprias mãos".
A União Europeia já entrou em contato com a China, maior poluidora mundial, para manter o combate ao aquecimento global. A posição dos EUA, segundo maior poluidor, reduz o estímulo para que grandes países em desenvolvimento como a Índia e a Indonésia se empenham decisivamente na luta contra a mudança do clima.
O objetivo do Acordo de Paris é conter o aumento da temperatura média do planeta em 2 graus centígrados em relação à era pré-industrial. Se nada for feito, as emissões de gases de efeito estufa deve chegar a 69 gigatoneladas, 69 bilhões de toneladas por ano até 2030.
A elevação da temperatura poderia ser de até 4 graus até o fim do século, com fortes consequência sobre secas, enchentes, a produção de alimentos e a vida marinha. Com o Acordo de Paris, a meta seria limitar as emissões a 56 gigatons.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
nice blog.
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