Com mais de 41% dos votos de acordo com as pesquisas de boca de urna, o advogado liberal Moon Jae In foi eleito hoje presidente da Coreia do Sul, dois meses depois do impeachment da presidente Park Geun Hye, acusada de corrupção. Defensor do diálogo com a Coreia do Norte, ele está na contramão das políticas do governo Donald Trump, que advertiu que a "paciência estratégica" dos Estados Unidos acabou.
Moon, de 64 anos, é filho de refugiados da Coreia do Norte durante a Guerra da Coreia (1950-53). Nasceu em janeiro de 1953, quando seus pais já estavam no Sul. Por isso, é a favor do diálogo e contra a instalação do Terminal de Defesa Aérea a Alta Altitude (THAAD), um projeto dos EUA.
Trata-se de um sistema de defesa antimísseis inicialmente orientado para a Coreia do Norte que a China considera capaz de alterar o equilíbrio de forças com os EUA num possível conflito futuro entre as superpotências. Desde o ano passado, o regime comunista chinês hostiliza a Coreia do Sul, principalmente em questões econômicas, prejudicando a atuação de empresas sul-coreanas no país.
O novo presidente deve tentar resgatar a "política do brilho do sol", iniciativa dos presidentes sul-coreanos liberais Kim Dae Jung (1998-2003) e Roh Moo Hyun (2003-8) para abrir um diálogo direto com a ditadura stalinista norte-coreana.
"A vitória esmagadora de hoje é o resultado do desejo desesperado do nosso povo por uma mudança de regime", declarou Moon ao festejar o resultado. "Vou realizar as duas principais tarefas desejadas pelo povo: reforma e unidade nacional.""
Além da estagnação econômica e da corrupção endêmica, Moon terá de enfrentar o desafio da Coreia do Norte, onde o jovem ditador Kim Jong Un acelerou os programas de desenvolvimento de armas atômicas e de tecnologia de mísseis. Seu objetivo é produzir mísseis nucleares capazes de atingir o território americano.
Durante a transição, o presidente Barack Obama advertiu Trump de que a Coreia do Norte é hoje a maior ameaça à segurança nacional dos EUA. Com seu estilo agressivo, o novo presidente americano deixou claro que está pronto a fazer um ataque preventivo para destruir as instalações nucleares norte-coreanas.
O secretário de Estado, Rex Tillerson, avisou que a "paciência estratégica" dos EUA acabou e o próprio Trump, em entrevista para marcar os cem primeiros dias de governo, alertou para o risco de um "grande conflito com a Coreia do Norte".
A maior retaliação do Norte seria contra a Coreia do Sul e possivelmente contra o Japão, os dois maiores aliados dos EUA no Leste da Ásia. Sua artilharia convencional é capaz de arrasar Seul, onde vive metade da população sul-coreana, estimada em 50 milhões de pessoas.
Sob pressão de inimigos e aliados, Moon já pediu aos EUA e à China maior participação nas ações diplomáticas para desarmar a crise na última fronteira da Guerra Fria. Entende que a Coreia do Sul estava marginalizada pelo vácuo de poder criado em Seul pelo impeachment da presidente Park Geun Hye.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 9 de maio de 2017
Defensor do diálogo com o Norte é eleito presidente da Coreia do Sul
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